Eliane Novais manifesta indignação com ação da Polícia no Cocó

 Durante a segundo expediente da sessão plenária desta quinta-feira (08/08), a deputada Eliane Novais (PSB) manifestou sua indignação sobre a ação da Guarda Municipal e da Polícia Militar, realizada na madrugada de hoje contra os manifestantes que estavam acampados há 28 dias no Parque do Cocó. No local, a prefeitura de Fortaleza pretende construir dois viadutos no cruzamento das avenidas Engenheiro Santana Júnior e Antônio Sales.De acordo com Eliane, por volta das 4 horas da manhã, cerca de 120 homens do Grupamento de Operações Especiais da Guarda Municipal do Fortaleza entraram nas barracas das pessoas acampadas no Parque. “Há relatos de que a Guarda expulsou quem estava dormindo usando spray de pimenta, bombas de gás lacrimogênio, armas de choque e balas de borracha. Um flagrante de violação dos direitos humanos, ou seja, direitos fundamentais das pessoas”, disse.

Segundo a parlamentar, a retirada das dezenas de manifestantes, cerca de 50 pessoas, não durou 20 minutos. Para ela, entre 3 e 4 horas da manhã não é horário para uma ação de despejo ou de retirada de pessoas. Ela relatou que a Guarda Municipal, acompanhada pela Polícia Militar, chegou de surpresa, em um momento de descanso dos manifestantes, “pegando-os totalmente desprevenidos e desprotegidos”.

"Toda e qualquer ação de desocupação tem de ser dialogada, devidamente comunicada e feita de forma pacífica e ordeira. Não foi o que aconteceu. Uma ação desse porte, feita na calada da noite, é algo que só acontecia durante o período da ditadura militar. Remonta períodos da história que não devem ser esquecidos e jamais repetidos”, acrescentou.

Outros pontos citados pela deputada foram a retirada dos manifestantes acampados sem nenhuma ordem judicial, e a execução da ação dentro de uma área de domínio estadual ou da União.

“O governador Cid Gomes e o Prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, não podem argumentar que abriram diálogo com os manifestantes para justificar a truculência. O Governo não pode encerrar uma negociação sobre um tema extremamente delicado com apenas uma reunião feita de maneira informal e na calada da noite”, criticou.  

Ainda segundo a deputada, estudos indicam que, ao longo da história, cerca de 40% das áreas verdes do Parque do Cocó foram perdidas devido a construção civil e a especulação imobiliária. “Infelizmente, quando o governador regulamentar o Parque, provavelmente essa não será mais uma marca positiva da sua gestão. Poderá ser tarde e o governador acabará marcado como aquele que promoveu e permitiu o desmatamento do Cocó”, pontuou.
DF/RT