Papel desempenhado pelas mulheres na ciência é reconhecido em sessão solene
Por Geimison Maia22/02/2024 20:22 | Atualizado há 1 semana
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A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) realizou sessão solene na noite desta quinta-feira (22/02), no Plenário 13 de Maio, para celebrar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro.
Na avaliação da deputada Larissa Gaspar (PT), autora do requerimento da homenagem, há ainda uma grande discrepância na presença de mulheres na ciência. Segundo ela, apesar de as mulheres serem quase 52% da população brasileira, elas representam apenas 40,3% da comunidade científica e ocupam 42% dos cargos de professores universitários. “Existe uma distorção muito grande que precisa ser corrigida”, avaliou a parlamentar.
Larissa Gaspar defendeu ainda medidas de incentivo, por meio de políticas públicas, ao ingresso de meninas nas carreiras científicas, superando fatores que dificultam a formação das mulheres, como o casamento precoce e a gravidez na adolescência. “E o primeiro passo é a gente poder reconhecer as mulheres que têm se destacado nas suas áreas de conhecimento”, enfatizou ela, justificando a importância da solenidade.
A secretária da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), Sandra Monteiro, lembrou que um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), é a equidade de gênero. “Hoje mulheres homenageadas são referência pelo pioneirismo (…) para que as demais possam se espelhar e seguir o exemplo”, afirmou. Ela também corroborou com a necessidade de políticas públicas de incentivo a mulheres na ciência e lembrou ser a primeira mulher a estar à frente da Secitece em 30 anos de existência da pasta.
Para a vice-reitora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Diana Azevedo, “a importância desses momentos festivos é, sobretudo, de prover inspiração para gerações mais jovens”. E completou: “Acho que é histórico, não me recordo de a gente ter tal momento dentro de uma casa legislativa”. Diana Azevedo ressaltou ainda o fato de a atual diretoria da Academia Cearense de Ciências ter uma composição paritária, com o mesmo número de homens e mulheres.
O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, lamentou o fato de historicamente as mulheres terem dificuldades de se manter e de ascender nas carreiras científicas. “As mulheres precisam ser apoiadas não só pelas injustiças do passado, mas pela contribuição que podem dar à ciência brasileira”, disse. E citou iniciativas do CNPq nesse sentido, como o Programa Mulheres na Ciência, criado em 2004, e o investimento de R$ 100 milhões em bolsas de iniciação científica para mulheres nas chamadas ciências duras, como engenharias, ciências exatas e matemática.
Professora Judith Pessoa de Andrade lamenta desigualdade de gênero no Brasil na ciência e na política - Foto Máximo Moura
Falando em nome das homenageadas durante o evento, a professora do Departamento de Química da UFC,Judith Pessoa de Andrade Feitosa destacou que a ciência é “a busca pelo conhecimento e pela verdade” e, junto com a tecnologia e inovação, é a base para o desenvolvimento tecnológico e social de um país. Ela lamentou ainda a desigualdade de gênero não apenas na ciência, mas em outras áreas, como a representatividade política. “O Brasil é o último colocado na participação feminina na política”, comentou ela, ressaltando que a perspectiva é de que a paridade só seja alcançada por volta de 2100.
Foram homenageados com certificados a professora emérita do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da Universidade Estadual do Ceará (Uece) Ana Maria Sampaio Assreuy; a bolsista de Produtividade Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Glauce Socorro de Barros Viana; a professora titular do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Helena Serra Azul Monteiro; a professora aposentada e emérita da Uece Maria Salete Bessa Jorge; e a professora do curso de Graduação em Enfermagem, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e do Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza (Unifor), Raimunda Magalhães da Silva.
Também receberam homenagens a professora aposentada da UFC Eunice Maia de Andrade; a professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC, Irlys Alencar Firmo Barreira; a secretária da Igualdade Racial do Ceará e professora do curso de Serviço Social e do Mestrado Acadêmico em Serviço Social, Trabalho e Questão Social da Uece, Maria Zelma de Araújo Madeira; a professora do Departamento de Química da UFC, Judith Pessoa de Andrade Feitosa; e a professora da Uece e bolsista de produtividade do CNPq, Selene Maia de Morais.
Estiveram presentes na mesa da sessão solene a diretora científica da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Tereza Magalhães; o presidente da Academia Cearense de Ciências, Khrishnamurti de Morais Carvalho; a vice-reitora de Ensino de Graduação e de Pós-Graduação da Unifor, Maria Clara Bugarim; e a assessora de Relações Institucionais da Defensoria Pública do Estado do Ceará, Lia Felismino.
Edição: Clara Guimarães
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