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Chefe da Unicef em Fortaleza comenta sobre projeto antirracista na primeira infância

Por Ricardo Garcia
19/08/2024 11:16 | Atualizado há 1 semana

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Conexão Assembleia recebe o chefe do Escritório do Unicef em Fortaleza, Rui Aguiar - Foto: Divulgação

O chefe do Escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Fortaleza, Rui Aguiar, foi o convidado do programa Conexão Alece, anteriormente conhecido como Conexão Assembleia, desta segunda-feira (19/08). Na ocasião, ele abordou a implantação da estratégia Primeira Infância Antirracista (PIA) no Ceará.

A iniciativa, promovida pela Unicef em parceria com o Governo do Estado e apoio da das secretarias da Igualdade Racial e da Proteção Social, visa chamar a atenção sobre os impactos do racismo no desenvolvimento infantil e promover práticas antirracistas nos diferentes serviços de atendimento a gestantes, crianças negras e indígenas de até seis anos e suas famílias. A metodologia contempla processos formativos de sensibilização e mobilização das equipes municipais.

Em entrevista à apresentadora Kézya Diniz, o convidado destacou que, a partir da análise dos planos de Primeira Infância de alguns municípios cearenses, foi constatada uma ausência de respostas em relação a algumas questões de caráter étnico-racial, no que se refere ao acesso, à permanência do atendimento e à qualidade dos serviços ofertados.

“Nós fizemos um recorte, junto à Secretaria da Igualdade Racial, e separamos os 34 municípios com populações indígenas e negras mais significativas do Estado. Essas prefeituras estão melhorando suas abordagens antirracistas nos seus planos municipais e, no segundo semestre deste ano, vamos acompanhar a implementação dessas reestruturações. Vamos aprender com esses municípios e a ideia é de que, em 2025, a iniciativa chegue a todas as cidades cearenses”, assinalou Rui Aguiar.

Para ele, a esperança é de que, se o trabalho for bem feito nos próximos anos, “em médio prazo será possível conseguir reduzir os casos de racismo na primeira infância e adolescência”, enfatizando que não é mais possível se fazer política pública hoje em dia no País sem pensar em políticas de identidade étnico-racial e de gênero.

Segundo o representante do Unicef, é muito importante fazer com que a primeira infância esteja inserida em um contexto antirracista. “Tudo se decide na primeira infância. O racismo também é uma questão que pode ser decidida na primeira infância e é nisso que apostamos, que, quanto mais cedo se começar um movimento antirracista, mais democrática vai ser a sociedade brasileira”, avaliou.

Ainda de acordo com Rui Aguiar, o racismo na primeira infância pode estar simbolizado no ato de matrícula de uma criança na rede de ensino, no cadastro de programas sociais, no acesso a um serviço de saúde, dentre outras situações. “A formação da identidade começa aí. Sabemos que no Ceará há dificuldades de acesso à educação infantil em algumas áreas indígenas e comunidades quilombolas. A falta de acesso a determinados serviços é uma forma de racismo, é uma exclusão de certa forma consciente”, apontou.

Ele complementou que um projeto antirracista na primeira infância pode dar respostas rápidas, desde que haja investimentos necessários. “A busca ativa de crianças negras e indígenas que estão fora das escolas é um investimento que deve ser feito com urgência. Certas demandas exigem respostas mais rápidas do que as que temos visto até agora. A percepção é de que estamos mudando a forma de fazer política pública”, pontuou.

CONEXÃO ALECE

Apresentado pela jornalista Kézya Diniz, o Conexão Alece vai ao ar às segundas-feiras, na Alece FM (96,7 MHz), a partir das 8h, com reprises na Alece TV (canal 31.1), às 20h30. Além disso, o programa fica disponível em formato de podcast nas principais plataformas de áudio: Spotify, Deezer e Apple Podcasts.

Edição: Lusiana Freire

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