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Os 200 anos da Confederação do Equador são lembrados em audiência pública na Alece

Por Narla Lopes
26/08/2024 14:08 | Atualizado há 9 meses

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Audiência pública celebrou os 200 anos da Confederação do Equador - Foto: Bia Medeiros

Nesta segunda-feira (26/08), a Comissão de Cultura e Esportes da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) celebrou os 200 anos da Confederação do Equador, movimento que eclodiu em 26 de agosto de 1824 no Nordeste brasileiro, e que possui grande relevância histórica para o País. Além da audiência pública, foi aberta na manhã desta segunda (26/08) na Alece a exposição “200 anos da Confederação do Equador: um tributo à Bárbara de Alencar”.

A audiência pública foi proposta pelo deputado De Assis Diniz (PT), que destacou a importância da data para homenagear aqueles que arriscaram suas vidas em defesa de valores e princípios fundamentais. Diniz também enfatizou que o debate sobre a Confederação do Equador é crucial para entender as visões que sustentavam o movimento, que vão além do autoritarismo de Dom Pedro I e da crise dos impostos que motivaram a revolta.

"Há 200 anos, discutíamos liberdade, igualdade e fraternidade. Hoje, mais do que nunca, precisamos refletir sobre esses valores e como eles se relacionam com a verdadeira liberdade, uma liberdade responsável, que não destrói reputações sob o pretexto de liberdade de expressão, como vemos nas redes sociais com fake news e mentiras", concluiu.

Também presente na audiência pública, Liduíno Brito, diretor-geral da Fundação Sintaf, ressaltou a pouca visibilidade dada ao movimento histórico da Confederação do Equador, apesar de seu caráter de luta e resistência. Ele destacou a importância de discutir as contribuições do movimento para o Ceará, sublinhando que a história é, muitas vezes, escrita pelos vencedores - “neste caso, Dom Pedro I”.

Liduino lamentou que muitos documentos relevantes de 1824 foram destruídos, o que dificulta uma compreensão completa do movimento. Ele também esclareceu que "o movimento não foi separatista", mas sim uma reação às tentativas de Portugal de retomar o controle sobre o Brasil. Além disso, destacou a participação de diversos grupos marginalizados, como indígenas, negros e mulheres, destacando as cartas de apoio enviadas ao Padre Mororó pelas mulheres de Quixeramobim. Por fim, ele apontou a necessidade de revisitar a história para valorizar figuras importantes.

“As mulheres de Quixeramobim, por exemplo, enviaram cartas de apoio a Padre Mororó, mostrando a coragem e a contribuição delas para o movimento. É necessário que revisitemos a história e reconheçamos o impacto de figuras como Frei Caneca e outros líderes, em vez de focarmos apenas em heróis mais conhecidos como Tiradentes”, pontuou. 

A representante do Arquivo Público, Janaína Ilara, sublinhou que o local ainda preserva registros importantes da Confederação do Equador. “Este ano foi lançada, em dois volumes, uma publicação a respeito que esgotou muito rápido por meio de parcerias com o Governo do Estado e diversas instituições. Vamos relançar uma nova edição para que mais pessoas possam pesquisar e ter acesso”, informou.

Já o diretor-artístico da Fundação Sintaf, Luís Carlos Diógenes, também apontou a importância das mulheres na Confederação do Equador, citando Bárbara de Alencar como figura emblemática. "Apesar da destruição de muitos registros, sabemos que Bárbara não estava sozinha e deixou um legado significativo. Documentos preservados mostram que as mulheres de Quixeramobim tinham plena consciência política e estavam prontas para lutar, adotando até nomes de resistência. No entanto, a história, escrita pelos vencedores, apagou esse protagonismo feminino. É essencial revisitar essa história com uma perspectiva feminista para valorizar essas contribuições esquecidas”, sugeriu.

EXPOSIÇÃO

Exposição “200 anos da Confederação do Equador: um tributo à Bárbara de Alencar" foi aberta hoje na Alece Foto: Bia Medeiros

O coordenador do Memorial da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Malce), Paulo Roberto Nunes, destacou a importância de relembrar e comemorar a Confederação do Equador, mencionando Bárbara de Alencar como uma de suas precursoras. “O Memorial tem uma atribuição relevante nesse contexto, sendo responsável pela manutenção e desenvolvimento da história e cultura do Poder Legislativo, que completará 200 anos no próximo ano.”

Nunes também enfatizou o apoio à exposição “200 anos da Confederação do Equador: um tributo à Bárbara de Alencar”, iniciativa do coletivo de artistas visuais Calçada 2.0, com o apoio da Fundação do Sindicato dos Fazendários do Ceará (Sintaf).

A exposição, que antecedeu a audiência pública, foi aberta nesta segunda-feira e segue até o dia 6 de setembro, no hall do Memorial, para que mais pessoas tenham a oportunidade de visitar, inclusive os alunos que visitam a Assembleia por meio do projeto "O Parlamento e Sua História". “Uma oportunidade de conhecer e refletir sobre nossa história e contribuir para o fortalecimento de uma consciência cidadã”, ressaltou o coordenador do Malce Paulo Roberto Nunes.

Veja a audiência pública na íntegra:

 

Edição: Clara Guimarães

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