Notícias

Frente Parlamentar de Energias Renováveis se reúne com setor produtivo

Por Davi Holanda
04/07/2023 21:01 | Atualizado há 2 dias

Compartilhe esta notícia:

- Foto: Máximo Moura

A Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) realizou, nesta terça-feira (04/07), em seu Complexo de Comissões Técnicas, a primeira reunião da Frente Parlamentar de Energias Renováveis, presidida pelo deputado Bruno Pedrosa (PDT) e composta ainda por mais 10 deputados da Casa legislativa. O encontro reuniu representantes do setor produtivo cearense e contou com a participação dos deputados Sérgio Aguiar (PDT), vice-presidente da Frente e Stuart Castro (Avante).

O deputado Bruno Pedrosa, presidente da Frente Parlamentar, destacou que o objetivo da reunião foi estreitar os laços e aprofundar o diálogo da Assembleia Legislativa com o setor produtivo do estado do Ceará, que tem como uma de suas principais demandas atuais a produção e o desenvolvimento de energias renováveis.

O deputado frisou a importância da implantação de energia limpa no território cearense como benefício para o meio ambiente e, ainda, como um dos principais fatores de geração de emprego e renda para a população.

“A implantação de parques eólicos e solares no Ceará significa um grande negócio não só para a iniciativa privada e setores públicos, como também é um serviço importantíssimo para a população do estado. As energias renováveis geram muitos empregos especialmente no município de Abaiara, que de acordo um recente levantamento, foi responsável por gerar mais de 900 empregos, frutos da instalação de um complexo solar na cidade”, destacou o parlamentar.

Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), destacou a grande capacidade de produção energética do estado. “O Ceará até pouco tempo atrás importava praticamente 100% da energia que necessitava. Hoje, não só produzimos nossa própria energia, como também já exportamos para outros estados do Brasil. Isso porque o Ceará ocupa geograficamente uma posição privilegiada, com uma das melhores irradiações solares do planeta e uma oferta de vento constante, responsáveis por transformar o estado numa grande potência energética em nível mundial”, salientou.

Jurandir Picanço Júnior, consultor de energia da Fiec, parabenizou a iniciativa de criação da Frente Parlamentar de Energias Renováveis da Alece e destacou dois desafios de formulação da Frente que, segundo ele, estão sujeitos a debates posteriores: a regularização fundiária para construção de novos parques eólicos e solares em território cearense e a capacitação técnica da nossa juventude.

“O nosso Ceará já dispõe de sol e vento, mas é preciso realizar o processo de regularização fundiária dos territórios disponíveis para captação desses recursos naturais, pois nenhuma empresa irá investir na construção de parques eólicos e solares em terras que correm ações judiciais”, frisou.

“Além disso, como são múltiplas as oportunidades no âmbito das energias renováveis, é preciso haver capacitação técnica da juventude cearense para que ela possa acompanhar todo esse processo de transição energética que o nosso estado e o país todo atravessa. Essa área dispõe de muitas oportunidades profissionais e só é necessário um direcionamento para isso, e esse é um compromisso que a Assembleia Legislativa poderia assumir com maestria”, assinalou.

Luis Eduardo Moraes, representante da Câmara Setorial de Energias (CS Energias) da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), apresentou dados sobre a atual produção de energia cearense. Segundo ele, o nosso estado possui potencial de produção de cerca de 117 mil megawatts-hora, contando apenas com fontes de energia eólica. 

Para efeito de comparação, segundo ele, todo consumo de energia do Brasil hoje gira em torno de 190 mil megawatts-hora. “Tendo ciência desses dados, não é exagero que o Ceará possa se tornar uma futura Arabia Saudita da energia renovável. Por isso, o nosso dever de casa é captar investimento para essa área, infraestrutura para comportar essa quantidade imensa de produção de energia e, principalmente, estimular o diálogo com a sociedade, para que não haja oposição por desinformação”, considerou. 

Salmito Filho, secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará, informou que a tendência é que o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), aqui no Ceará, feche uma parceria com o porto de Roterdã, na Europa, para que sejam produzidos um milhão de toneladas de hidrogênio verde no Ceará até 2030. 

“O governador Elmano de Freitas expôs que essa parceria entre o Ceará e países da Europa é mais do que importante: ela é estratégica. Mas para que haja esse investimento em produção e exportação de hidrogênio verde, é importante investirmos em outras fontes de energias renováveis primeiro, e esse processo deve acontecer o mais rápido possível”, salientou.

Ainda de acordo com o secretário, esse grande potencial de produção energética do Ceará precisa estar sob conhecimento do Governo Federal, para que a cadeia produtiva seja atraída para o território cearense. 

“Estamos falando de investimentos privados na ordem de um trilhão de reais destinados a esse setor. Por isso, o Governo Federal precisa tomar conhecimento dessas iniciativas, com o intuito de atrair a cadeira produtiva para cá e industrializar principalmente o interior do estado. A indústria transforma a matéria prima, mas esta não está aqui de forma intensa, e sim nos municípios do Interior. A matéria prima em questão é o sol”, enfatizou Salmito. 

Também participaram da reunião o coordenador da Célula de Energia Elétrica da Agência Reguladora do Estado do Ceará (Arce), Dickson Araújo, que representou o presidente da Arce; o presidente do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), Luis Carlos Queiroz; o  secretário executivo da Indústria na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado do Ceará, Joaquim Rolim.

Edição: Clara Guimarães

Veja também