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Debate sobre emergência climática marca segunda tarde de Conferência da Unale

Por Pedro Emmanuel Goes
09/11/2023 18:21 | Atualizado há 1 ano

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Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre, comentou efeitos das mudanças climáticas - Foto: Dário Gabriel

O impacto das mudanças climáticas e o papel do Brasil nesse cenário marcaram a tarde do segundo dia da 26ª Conferência Nacional da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), encontro promovido em parceria com Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e Governo do Estado do Ceará.

Durante a mesa-redonda, foram discutidos, além dos impactos, propostas para amenizar a redução da emissão de gases de efeito estufa e conter o aumento da temperatura do planeta. O senador Cid Gomes participou da discussão como presidente da Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, do Senado Federal, e afirmou que o Brasil pode se destacar com a produção de hidrogênio verde. 

"O grande desafio ainda é a produção e transporte em grande escala, mas há outras alternativas em que o Brasil também pode se destacar”, disse, reforçando a grande capacidade para produção de energia eólica e solar, especialmente por parte dos estados do Nordeste. 

Senador Cid Gomes representou a Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, do Senado Federal - Foto: Dário Gabriel

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre enfatizou que a aceleração das mudanças climáticas se dá de forma antrópica e que os mais afastados serão aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade social. Ele destacou que oito milhões de brasileiros vivem em áreas de risco, e destes, dois milhões vivem em áreas de risco extremo. 

Além das ondas de calor, ele destacou como consequências dessas mudanças no clima a ocorrência de eventos extremos, tais como ciclones extratropicais, como o ocorrido no sul do Brasil em setembro deste ano; a seca na Amazônia e a sequência de secas históricas ocorridas no Nordeste na última década. 

Ainda de acordo com o pesquisador, o Brasil pode ser o primeiro país a zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040, através da mudança da matriz energética, do reflorestamento e da prática da agricultura e pecuária regenerativa. “É preciso, no entanto, um grande esforço, de mudança de estilo de vida e mentalidade, para conseguirmos fazer isso”, disse. 

Em nível federal, outras ações têm sido implementadas no sentido de ampliar os debates quanto aos impactos e políticas climáticas. O coordenador-geral da Secretaria Nacional de Mudança do Clima, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Thiago Longo, aponta que foi reestabelecido o Comitê Interministerial de Mudança Climática, além de implantado um Conselho Nacional de Mudanças Climáticas, que deve envolver outros entes nacionais e academia.

Além dos colegiados, o tema tem sido discutido no âmbito das câmaras por meio de projetos voltados para o mercado de carbono regulado, implantação de eólicas offshore, taxonomia verde, “propostas que devem fazer parte de uma revisão da política nacional de clima e impactar diretamente nas discussões das casas legislativas”. 

 

Edição: Lusiana Freire

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