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Protagonismo e liderança feminina na Alece

Por Ariadne Sousa
22/03/2024 11:42 | Atualizado há 2 semanas

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Na imagem, a diretora do Departamento de Administração da Alece, Lise Novais; a diretora geral da Casa, Sávia Magalhães; a controladora da Alece, Sílvia Helena Correia; a diretora do Departamento de Gestão de Pessoas, Maria Elenice Ferreira; e a primeira-dama do Legislativo cearense, Cristiane Leitão - Fotos: Acervo Agência de Notícias/Arte: Núcleo de Publicidade

A presença das mulheres no mercado de trabalho é um tema historicamente revestido de desafios e superação de obstáculos. Ao longo das décadas, elas passaram por um processo de empoderamento e emancipação, enfrentando as dificuldades impostas por uma cultura patriarcal, para que pudessem desenvolver e legitimar seu espaço profissional.

Apesar dos muitos avanços, o desequilíbrio no cenário mercadológico com relação às oportunidades para homens e mulheres ainda persiste. As disparidades são encontradas tanto na questão do acesso aos postos de trabalho quanto na remuneração, na ascensão e no desenvolvimento de carreiras.

Em contraponto, algumas instituições se destacam na valorização da profissional feminina. É o caso da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), na qual 54,35% do seu quadro total de colaboradores são mulheres. O número é ainda mais relevante quando se considera apenas os cargos de gestão, pois o percentual passa para 59,41%.

A controladora da Casa Legislativa, Sílvia Helena Correia Vidal, ressalta que os dados refletem o pioneirismo do órgão, que, desde a década de 1980, vem atuando na ampliação das oportunidades voltadas às mulheres. “Hoje o Ceará é uma referência nisso, mas, na Assembleia, antes de haver essa preocupação em ter uma proporção entre mulheres e homens, já havia uma prevalência de mulheres nos cargos de gestão”, lembra.

Ela aponta que o empoderamento feminino culminou não apenas em uma nova conjectura no âmbito profissional, mas promoveu mudanças que perpassam toda a sociedade, inclusive nas relações familiares. “A mulher começou a ter na vida familiar também esse papel de provedora, porque você para aquela história de só o marido ganhar e trabalhar, e a mulher ficar em casa. Hoje as famílias estão estruturadas de uma forma compartilhada, tanto nessa questão material como na educação e orientação dos filhos”, avalia.

Sílvia Helena Correia Vidal, controladora da Alece - Imagens: Odério Dias

Para a controladora, não basta que os postos de trabalho existam, eles devem ser analisados ainda do ponto de vista qualitativo, observando as possibilidades de promoção e ascensão a cargos de liderança. Nesse sentido, ela entende que a superação do caráter patriarcal e do machismo é um processo ascendente, que passa pela mudança de mentalidade e de atitudes de ambos os gêneros.

“A geração que vem depois de mim, eu não tenho nem dúvida, vai se superar. Porque ela é pra frente, porque elas (mulheres) são muito decididas, muito resolvidas, sabem argumentar sobre tudo, eu acho que até melhor do que nós, pois elas já nasceram no cenário mais favorável e, às vezes, não precisam se desgastar tanto. Assim, elas já vêm e já se impõem”, completa Sílvia Helena. 

MULHERES LÍDERES: FORÇA E SENSIBILIDADE

A diretora do Departamento de Gestão de Pessoas (DGP) da Alece, Maria Elenice Ferreira Lima, acredita que entre os diferenciais das lideranças femininas está a sua visão mais aguçada para a humanização, equilibrando as atividades laborais com as necessidades dos colaboradores. “Como todo trabalho, a gente quer resultados, mas entendemos que essa entrega tem que ser feita da melhor maneira possível, onde haja uma contribuição de mão dupla”, diz. 

Essa sensibilidade é fruto da própria natureza da mulher, é o que argumenta a diretora. Para Elenice, tanto as questões biológicas ‒ como a maternidade ‒ quanto as culturais ‒ como o papel de cuidado familiar historicamente atribuído a elas ‒ fazem parte da construção dessa percepção feminina mais humanizada. “Esse olhar da gestão feminina traz muitos benefícios nas empresas privadas, assim como nas organizações públicas. Hoje em dia, mesmo as organizações privadas estão se adaptando a cada vez mais a ver o ser humano, e não só a máquina”, afirma. 

O entendimento é compartilhado também pela gerente-geral da rádio FM Assembleia, Tarciana de Queiroz Mendes Campos, que defende que a participação feminina em diferentes níveis de atuação é crucial para o bom desenvolvimento das organizações. “Eu acho que tem pontos que o papel feminino na gestão traz um diferencial, como o de permitir um maior diálogo sobre determinadas escolhas”, considera Tarciana.

Diretora do Departamento de Gestão de Pessoas (DGP) da Alece, Maria Elenice Ferreira Lima. Foto: Máximo Moura

BARREIRAS E SUPERAÇÃO DE DESAFIOS 

Maria Elenice pontua que, apesar dos avanços, a liderança feminina ainda passa por questionamentos e desconfianças pelas quais os homens não são submetidos. Dessa forma, ao ascender profissionalmente, o seu preparo, profissionalização ou merecimento são postos à prova, como se devessem justificar sua posição. “Quando as mulheres vão ocupar um cargo ou função, as pessoas sempre olham se ela tem desenvolvimento suficiente, se tem estudo, se tem preparação. Porém, com o homem, as pessoas não fazem essa pergunta”, comenta.

 A diretora relembra um episódio durante a sua trajetória profissional no qual ela liderou uma equipe majoritariamente composta por homens e teve de traçar estratégias para que pudesse ser ouvida e respeitada pela equipe. “Certa vez, eu tive que subir num balde de óleo, alguma coisa assim, para eu ficar um pouquinho mais alta, para que eles me ouvissem”, relata. 

Outra distinção entre os desafios impostos às lideranças femininas e masculinas é indicada por Tarciana de Queiroz. Ela reflete que, quando surge a oportunidade de a mulher ascender profissionalmente, manifesta-se nela uma série de dilemas com relação a adaptações na rotina e ao cuidado com os filhos e com a família. “Uma diferença é que a mulher precisa ter essa preocupação de como é que vai equilibrar antes de assumir um cargo de gestão. E, às vezes, o homem não precisa ter”, pondera a gerente.

Edição: Clara Guimarães

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