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Experiências desafiadoras marcam a vida de quem convive com o HIV

Por ALECE
19/12/2022 19:51 | Atualizado há 9 meses

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Sabrina Luz e o esposo Bernardo Luz - Foto: Arte do Núcleo de publicidade com foto de Diego Sombra

Vírus causador da síndrome da imunodeficiência humana (Aids), o HIV ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças, fazendo com que o sistema de defesa do corpo se enfraqueça e que doenças oportunistas apareçam com mais frequência. Embora não haja cura para o HIV, os avanços científicos na saúde e um maior esclarecimento da população diante do tema permitem às pessoas soropositivas terem uma melhor qualidade de vida.

No Dezembro Vermelho, movimento dedicado a jogar luz às questões que envolvem a Aids, a palestrante motivacional e ativista Sabrina Luz, de 40 anos, que convive com HIV há 12 anos, diante dos estigmas e do desconhecimento de muitas pessoas sobre o assunto, avalia que lidar com o HIV envolve experiências de enfrentamentos e superação de desafios.

Sabrina Luz relata que, ao longo desse tempo convivendo com o vírus, enfrentou algumas dificuldades, tanto na vida pessoal quanto na profissional. “Na questão da vida pessoal, eu tive dificuldades para conseguir um novo companheiro, porque as pessoas que eu conhecia não queriam mais ter contato comigo, a partir do momento em que eu contava ter HIV”, relembra.

Ela ressalta que hoje em dia fala abertamente sobre a sua condição e quem decide manter contato com ela já sabe da sua situação. “Hoje sou casada e meu esposo não vive com HIV. Somos um casal sorodiferente”, aponta.

Em relação à vida profissional, a palestrante acredita enfrentar mais dificuldades. “Eu acredito sim que ainda é difícil, no meu caso, conseguir trabalhos. Sou uma mulher trans, o que por si só já é um desafio. Vivo com HIV, que já é outro desafio. E ainda falo abertamente sobre isso, o que influencia muito na hora de conseguir novas oportunidades”, admite.

Apesar dos obstáculos, Sabrina Luz considera que o preconceito em relação às pessoas com HIV tem diminuído na sociedade. “Acredito que o preconceito diminuiu, mas não acabou, porque preconceito é algo que não acaba. Ainda existem pessoas que não mudam a sua visão, muito por conta da falta de informação. E, quando não temos informação sobre algo, a gente se fecha para o conhecimento e acabamos nos tornando preconceituosos”, pontua.

Ela salienta que se esforça todos os dias para combater esse preconceito, principalmente com o engajamento nas suas redes sociais, em que compartilha as suas vivências e reforça a adesão ao tratamento para mais de 16 mil pessoas que a acompanham no Instagram.

TRATAMENTO

No que diz respeito ao seu tratamento e acompanhamento médico, ela enaltece o papel do Sistema Único de Saúde (SUS), que fornece gratuitamente os medicamentos e os mecanismos necessários para o tratamento da infecção.“Faço o meu acompanhamento no Hospital São José e pego a medicação equivalente a um período de 90 dias, o que é muito bom para mim, que moro em Caucaia e não tenho como ficar vindo todo mês ao hospital. Graças a Deus que temos esse tratamento gratuito oferecido pelo SUS, porque se fosse um tratamento pago, nós não teríamos condição”, comenta Sabrina Luz.

Para os mais jovens, a palestrante alerta para a importância de procurar realizar os testes de HIV, pelo menos de seis em seis meses, para que seja possível diagnosticar a doença nos seus estágios iniciais. “Muita gente tem medo de fazer o teste por medo de dar positivo. Mas é muito importante realizá-lo, para sabermos logo do diagnóstico”, reforça.

Ela também diz ser extremamente importante utilizar o preservativo, que evita não apenas o HIV, mas outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), assim como a gravidez não desejada. “Precisamos nos cuidar para viver bem. O jovem de hoje em dia precisa ter essa noção, esse cuidado com a sua saúde”, assinala.

Esta é a segunda matéria da série de reportagens da Agência de Notícias da Alece sobre o Dezembro Vermelho. A primeira matéria traz informações sobre a evolução da Aids, desde a identificação do vírus até hoje; os números de pessoas convivendo com o HIV no Brasil e no Ceará; os principais desafios e ações para a prevenção e o tratamento e um glossário sobre o tema.

A série conta com reportagens da jornalista Samaisa dos Anjos e do jornalista Ricardo Garcia e edição da jornalista Clara Guimarães, com imagens do Núcleo de Publicidade da Alece e revisão de texto de Carmem Ciene.

Ricardo Garcia

Edição: Clara Guimarães

 


 

 

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