Alece abre espaço e oferece incentivo ao empreendedorismo feminino
Por Juliana Melo24/03/2025 15:15 | Atualizado há 1 mês
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A realidade de muitas mulheres brasileiras é a busca do sustento ou um complemento da renda por meio do empreendedorismo. Elas representam 34% do total de empreendedores do País, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No Ceará, de acordo com dados divulgados pelo Sebrae, a média das mulheres empreendedoras supera a média nacional em dois pontos percentuais.
Para incentivar as iniciativas das empreendedoras, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) realiza ações e oferece oportunidades, orientações e capacitação, além de espaço para exposição de produtos.
Na feirinha da Alece, os empreendedores vendem uma grande variedade de mercadorias. A maioria dos expositores, 90% deles, são mulheres. É o que destaca a coordenadora da feirinha, Nivonete Ribeiro.

Coordenadora da feirinha da Alece, Nivonete Ribeiro. Foto: José Leomar
Ela explica que o espaço já funciona há quase vinte anos e que o início da feira aconteceu por ideia de uma servidora. A iniciativa deu oportunidades para muitos empreendedores que buscavam um espaço. Tanto que “tem muito pedido de pessoas que querem expor. Já estamos precisando de um espaço maior”, informa Nivonete.
Há dez anos com sua banquinha na feira da Alece, Joana Simplício de Lima, de 67 anos, é técnica de enfermagem. Ela viu nesse espaço uma chance de complementar sua renda e estar em contato com outras pessoas.
Dona Joaninha, como é conhecida, começou vendendo cosméticos de uma empresa que oferecia capacitação para as vendedoras. Ela não perdeu a oportunidade.
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Há dez anos com sua banquinha na feira, Joana Simplício de Lima complementa sua renda familiar com a venda dos produtos . Foto Dário Gabriel
“Eu assisti muito àqueles cursos. Eu saía do trabalho na carreira e ia para os treinamentos.”, lembra. A busca por conhecimento foi fundamental, mas ela destaca que há outra característica muito importante para uma empreendedora: ter o controle dos gastos e saber cobrar o preço certo. "Você precisa investir pra comprar o material pra vender. Você tem que dar o preço certo porque você lutou, você gastou seu tempo, você gastou trabalho, sua mente, você gastou gasolina.", ressalta.
Se a capacitação e o controle ajudam, a simpatia abre portas e os bolsos de quem frequenta a feirinha. "Para vender, tu tem que ser feliz. Porque se tu tiver numa venda com uma cara feia, tu não vai vender nada. Sorria! O sorriso é a coisa mais importante para uma vendedora", sugere Joana.
Para Lucinda Lopes, de 64 anos, o empreendedorismo chegou após a aposentadoria, por conta de um câncer. Foi no trabalho artesanal que ela encontrou satisfação e uma nova fonte de renda. Há 16 anos ela vende seus tapetes feitos à mão na feirinha da Alece e, para diversificar seu negócio, passou a oferecer bijuteria, algumas feitas por ela mesma.
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Lucinda Lopes diz ser fundamental escolher algo que goste para empreender. Foto Dário Gabriel
Com quase duas décadas de empreendedorismo, dona Lucinda destaca que é fundamental ter afinidade com os produtos e sugere para as futuras empreendedoras: "Escolha alguma coisa que você goste. Você precisa ter conhecimento do que você vende, que é para você passar firmeza para as pessoas, porque isso conta muito, dá credibilidade”, ensina.
SALA DO EMPREENDEDOR DA ALECE
Os desafios que os empreendedores enfrentam se iniciam antes mesmo do momento das vendas. Para ajudar àqueles que precisem de orientações e serviços relacionados aos seus negócios, a Alece criou, em 2021, a Sala do Empreendedor. O espaço oferece atendimento para ajudar na formalização, orientação sobre crédito e sobre parcelamento de dívidas tributárias, bem como capacitação e consultoria em conjunto com órgãos parceiros, fomento às feiras, serviço itinerante junto às comunidades, entre outros.
Segundo o coordenador executivo da Sala do Empreendedor, Lucas Aquino, as pessoas que querem abrir um pequeno negócio precisam se capacitar, e são justamente as mulheres que mais buscam conhecimentos para fortalecer o seus empreendimento as que mais buscam atendimento no local: só em 2025, das 649 buscaram por atendimento, 377 foram de mulheres.
"No geral, o perfil da busca por cursos, capacitações, crédito, etc. É muito liderado por mulheres. A gente tem um volume de atendimentos maior por parte das mulheres. Elas têm também uma demanda maior por acolhimento e políticas públicas para elas. E isso é algo que a gente quer intensificar cada vez mais na agenda”, explica.
Entre as iniciativas oferecidas pela Assembleia Legislativa ou com apoio da Casa, Lucas Aquino destaca a realização do projeto Dona de Si, voltado para mulheres empreendedoras em vulnerabilidade. A ação itinerante do Instituto Future com a Procuradoria Especial da Mulher da Alece e da Sala do Empreendedor da Alece, percorreu diversos municípios, oferecendo palestras com o intuito de estimular a autonomia financeira das mulheres.
Também foram realizados eventos em alusão ao Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, comemorado no dia 19 de novembro, e feira de empreendedoras também em alusão à data.
Houve ainda curso de Marketing digital, além de uma feira com microempreendedoras e roda de conversa sobre Afroempreendedorismo, realizada semana passada, durante a programação especial do Mês da Mulher na Alece.
Outra ação importante foi o projeto Renda Gera Renda, que levou capacitação e valorização do trabalho de mais de 700 empreendedoras do artesanato cearense. Uma iniciativa conjunta da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), do Ministério da Educação (MEC) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece), que aconteceu em 17 municípios.
LEGISLAÇÃO VOLTADA PARA AS EMPREENDEDORAS
Os parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará aprovaram, neste Mês da Mulher da Alece, alguns projetos que visam incentivar o empreendedorismo feminino. É o caso do projeto de lei nº 706/2023, de autoria da deputada Jô Farias (PT), que institui a Semana da Mulher Empreendedora no Calendário Oficial do Estado do Ceará, a ser comemorada, anualmente, na semana que inclui o dia 19 de novembro.
Segundo Jô Farias, “a Semana da Mulher Empreendedora tem como objetivo promover e incentivar o empreendedorismo feminino, afirmando a colaboração das mulheres para o desenvolvimento econômico e social do estado do Ceará”.
Também foi aprovado o projeto de lei nº 42/2025, da deputada Luana Régia (Cidadania), que institui a Política Estadual de Incentivo ao Empreendedorismo de mulheres egressas do sistema prisional. O objetivo, de acordo com a parlamentar, é promover a reinserção social, a autonomia financeira e o empoderamento econômico dessas mulheres.
“O empreendedorismo se apresenta como uma ferramenta estratégica para proporcionar a essas mulheres a oportunidade de recomeçar suas vidas, por meio do trabalho e da geração de renda. A criação da Política Estadual de Incentivo ao Empreendedorismo de Mulheres Egressas do Sistema Prisional estar alinhada aos princípios de igualdade de gênero e enfrentamento à violência, ao passo que também promove a inclusão econômica, quebrando ciclos de exclusão social e dependência financeira.
Tramitam na Casa os projeto de lei nº 1123/23, dos deputados De Assis Diniz (PT) e Audic Mota (MDB), que propõe a criação de programa de apoio e fomento à mulher empreendedora chefe de família. E o PL nº 799/2023, do deputado Carmelo Neto (PL), que institui o plano de incentivo ao empreendedorismo feminino no Estado do Ceará.
Edição: Clara Guimarães
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