Dia Nacional do Rádio: as ondas eletromagnéticas na construção da cidadania
Por Ana Vitória Marques25/09/2024 12:10 | Atualizado há 2 semanas
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No carro em movimento, no som em casa, em megafones no meio da rua ou nos fones de ouvidos conectados ao celular, em AM, FM ou no streaming, em todos eles o rádio está mais que presente e faz parte da vida das pessoas, tanto que é até difícil imaginar a vida sem ele.
No dia 25 de setembro celebramos o Dia Nacional do Rádio, meio de comunicação considerado a paixão dos brasileiros e que até já foi condenado à extinção após as evoluções tecnológicas vindas depois da sua criação, sobretudo as digitais.
Contudo, os dados mostram o contrário. Segundo informações do Inside Rádio 2022, estudo anual da Kantar Ibope Media sobre o consumo de rádio no País, ele é ouvido por 83% da população brasileira, tendo em vista as 13 regiões pesquisadas regularmente pela empresa. A instituição também revela que três a cada cinco ouvintes escutam rádio todos os dias. Tais dados demonstram a forte relevância desse meio para os cidadãos brasileiros, como uma das principais formas de acesso à informação e tendo como uma das características o alcance a regiões mais afastadas dos grandes centros.
Diante dessa relevância, a Agência de Notícias da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) desenvolveu esta produção especial em celebração à data. Nesta matéria, você vai conhecer mais sobre a história do rádio no Brasil, a importância desse meio para os brasileiros e como a Alece FM, a emissora do Parlamento cearense, se encaixa nessa trajetória.
O INÍCIO DO RÁDIO NO BRASIL
Era 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência do Brasil, quando aconteceu a primeira transmissão radiofônica oficial no País. Brasileiros puderam ouvir, ao vivo, o discurso do então presidente da República, Epitácio Pessoa, em diferentes localidades, por meio de um equipamento inovador e “mágico”: os receptores de rádio.
Para que isso acontecesse, foi criada temporariamente uma estação de rádio no Corcovado, localizado no Rio de Janeiro (na época, a capital do Brasil), onde foi instalado um transmissor. Daí, cerca de 80 aparelhos receptores foram distribuídos entre Niterói, Petrópolis e São Paulo.
Ok, você pode até pensar que isso foi um evento comum, dada a distância temporal de quando ele aconteceu, afinal de contas, hoje o rádio é um dos meios de comunicação mais populares e acessíveis e, além dele, ainda temos a televisão e os poderosos smartphones. Mas vale lembrar que estamos falando de uma época em que a comunicação mais avançada era o telégrafo, um equipamento que transmitia mensagens, porém sem som.
Essa primeira transmissão marca, então, o início da rádio no Brasil, meio de comunicação que se tornou um dos mais populares e importantes em diversos sentidos, principalmente para propósitos de entretenimento, integração regional e, até mesmo, educacionais.
A criação da considerada primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, aconteceu no ano seguinte, em 1923, a partir da iniciativa do antropólogo e educador Edgard Roquette-Pinto. Foi ele também quem viabilizou a primeira transmissão em 1922. Por esse motivo, ele é considerado o “pai da radiodifusão brasileira” e a data do seu nascimento, 25 de setembro, passou a ser celebrada como o Dia Nacional do Rádio.
A Rádio Sociedade teve o patrocínio da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e, desde o início, seus fundadores (Roquette-Pinto e Henrique Morize) tinham como motivação os propósitos educacionais desse novo meio. Diante da alta taxa de analfabetismo nos anos de 1920, a radiofonia, apesar da inspiração elitista com que foi criada, foi vista como um caminho para ampliar e promover a educação e a cultura por todo o País, como uma ponte que unificaria o Brasil.
Em 1936, Roquette-Pinto doou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao Ministério da Educação (MEC), tornando-se Rádio MEC e que está no ar até os dias atuais e mantém os moldes de valorização da cultura e de divulgação científica.
EMISSORAS LEGISLATIVAS: O CASO DA ALECE FM
Passados mais de 100 anos de história desse meio de comunicação no Brasil, muita coisa aconteceu, com destaque para a expansão para fins de entretenimento, dando início aos investimentos em publicidade nas emissoras, o que levou à criação dos famosos programas de auditório e das radionovelas.
E, apesar da grande ênfase da iniciativa privada nos propósitos lucrativos, formato pelo qual o rádio mais se acentuou, esse meio sempre foi visto como uma forma de profissionalizar/educar a população, sendo uma ferramenta poderosa de comunicação por parte do Estado, no sentido democrático de prestação de contas e participação social.
A gerente-geral da Alece FM, Tarciana Campos, ressalta as características do rádio como facilitadoras no processo. “Trata-se de um meio de baixo custo de produção, muita acessibilidade, pois o rádio consegue alcançar regiões mais distantes, além da mobilidade, que permite que as pessoas escutem rádio enquanto executam outras atividades”, explica.
É com esses propósitos que vemos a criação de iniciativas como as rádios educativas - muito comuns nas universidades brasileiras - e as emissoras legislativas.
Nessa última categoria se encaixa a Alece FM, a rádio do Poder Legislativo cearense. Ela foi criada em 2007, com o nome Rádio FM Assembleia, em um momento em que várias casas legislativas estavam criando suas emissoras com o propósito de divulgar as atividades do Parlamento. Foi a primeira da categoria a operar em frequência modulada (FM), no dial 96,7 MHz.
Para Tarciana Campos, um equipamento como esse estimula a participação política e cidadã. “A emissora de rádio em uma Casa Legislativa é essencial para promover a transparência e ampliar o acesso da população às decisões e debates políticos. Ela facilita a comunicação entre o Legislativo e a sociedade, permitindo que os cidadãos acompanhem de perto o trabalho dos parlamentares”.
A equipe inicial contava com Ronaldo César, que é o atual coordenador de programação, e Simony Silva, que apresenta ainda hoje o programa Notícias do Ceará. Ambos fizeram parte do processo de implementação e consolidação da emissora e continuam contribuindo com a atuação dela.
“Nós tínhamos uma TV (implantada pouco tempo antes, em abril de 2006) e a gente estava tendo a oportunidade de ter uma emissora de rádio, não podia perder tempo. Com toda a documentação e autorização em mãos, a gente estava pronto para mais um desafio”, disse Ronaldo César.
Inicialmente, o veículo reservava espaço na programação para a exibição de produções da Rádio Senado, o que durou até a estreia de sua frequência própria, em 2010, quando foram entregues também obras de ampliação das suas instalações. Assim, além da implementação de uma programação própria, também foi se consolidando como um espaço de referência na área. Isso pode ser representado pelos mais de 30 prêmios recebidos ao longo dos anos, em premiações que vão de instituições públicas, como Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), a organizações independentes, como o Prêmio Gandhi de Comunicação, da Agência da Boa Notícia.
“No início, a emissora ocupava um pequeno espaço ao lado do Plenário 13 de Maio da Alece. Em 2010, tivemos a alegria de ganhar novas instalações e moderna estrutura. Na ocasião, ganhamos também o importante painel Narcélio Limaverde, trazendo a história do rádio no Brasil e no Ceará nas últimas décadas. Ao longo desses 17 anos, tenho acompanhado a trajetória de crescimento e destaque da nossa Alece FM, que se fortalece sempre mais, com a integração de novas tecnologias”, comenta Simony Silva.
Desde então, a emissora passou por uma série de inovações, acompanhando o processo de modernização do próprio meio rádio, tanto que hoje está presente não só pelas ondas eletromagnéticas, mas também on-line e nas principais plataformas de streaming de áudio.
“Toda nossa programação prioriza a qualidade das informações, valoriza a cultura nordestina e contribui para a divulgação da prestação de serviços públicos”, ressalta a gerente-geral da emissora, Tarciana Campos.
Atualmente possui uma programação que inclui transmissões ao vivo das sessões plenárias, reuniões e audiências públicas, assim como a cobertura dos eventos institucionais da Casa. Mas, para além das atividades parlamentares, a emissora tem o compromisso com a difusão da cultura local e nacional, o que se reflete na variedade de programas informativos e culturais, com foco na arte e nos artistas do Ceará, assim como nas notícias do Estado e dos municípios.
“As músicas que transmitimos na programação acompanham as histórias delas, nós não temos comerciais, temos divulgações institucionais que são orientações em diversas áreas, como saúde, educação, direitos previdenciários, trabalhistas, combate à violência contra mulheres e crianças, educação no trânsito etc.”, destaca o coordenador de programação, Ronaldo César.
E não para por aí, a Alece FM também desenvolve podcasts e programas multiplataformas, reforçando e consolidando a tendência da convergência. “No momento atual, podemos destacar o programa multiplataforma Conexão Alece, que é transmitido na rádio, TV, podcasts e YouTube. Também o programa Na Alece Tem, que também é multiplataforma e prioriza as histórias de vida de servidores da Assembleia, bem como destaca os serviços prestados na Alece. Outros destaques são as reportagens especiais, que aprofundam assuntos de interesse social e têm permitido à equipe da emissora conquistar prêmios”, cita Tarciana.
Todos esses fatores alinhados reforçam a Alece FM como uma emissora pública não só pelo vínculo governamental ao Poder Legislativo cearense, mas que, de fato, produz comunicação pública e trabalha com o forte propósito de fortalecer o acesso à informação, à transparência e à participação popular no processo legislativo-democrático.
E a rádio continua o processo de evolução e modernização. Em agosto de 2024, a Alece efetivou a mudança dos nomes da rádio FM Assembleia e da TV Assembleia para Alece FM e Alece TV, seguindo a adoção da sigla pelo Parlamento em 2022. A nova marca da Alece FM foi desenvolvida pelo Núcleo de Publicidade da Casa.
Após o incêndio ocorrido no Plenário 13 de Maio em junho deste ano, a estrutura do veículo teve que sofrer alterações, e as reformas devem entregar mudanças estruturais que garantam ainda mais modernidade e segurança.
Marca da Alece FM evoluiu em 2024, sendo repaginada pelo Núcleo de Publicidade da Alece - Arte: Núcleo de Publicidade da Alece
CURIOSIDADES SOBRE O RÁDIO NO BRASIL
Edição: Lusiana Freire
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