Representantes do audiovisual do CE reivindicam criação de empresa pública de cinema em audiência na Alece
Por Juliana Melo04/09/2025 08:18 | Atualizado há 2 horas
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A Comissão de Cultura e Esporte da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) debateu, durante audiência pública realizada na tarde desta quarta-feira (03/09), a criação de uma empresa pública de cinema no Estado. O encontro atendeu a um requerimento do líder do Governo na Casa, deputado Guilherme Sampaio (PT), que defende a iniciativa como um passo estratégico para o fomento da produção cinematográfica local.
O parlamentar ressaltou o papel importante do audiovisual, não só no campo cultural, mas também no desenvolvimento socioeconômico do Estado, e acrescentou que diversas áreas precisam estar envolvidas nessa criação.
Guilherme Sampaio explicou que essa luta pela valorização do audiovisual cearense iniciou há muitos anos, até que, em 2021, foi sancionada a Lei n.º 17.857/2021, que instituiu o Programa Estadual de Desenvolvimento do Cinema e Audiovisual (Programa Ceará Filmes) e criou o Sistema Estadual do Cinema e Audiovisual. Para o deputado, com a realização da audiência pública, a Casa avança nesse tema e “colabora para darmos um passo mais sólido, mais consistente e muito qualificado de uma decisão de estado para a criação desta empresa”.
O representante da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Fernando Ceribeli, apresentou um estudo, contratado pela Secretaria da Cultura do Estado, para demonstrar os impactos econômicos a partir do fomento ao setor de audiovisual no Estado.
Entre as conclusões do estudo, ele destacou que cada R$ 1 investido no setor audiovisual cearense se transforma em R$ 3,10. Além disso, Fernando Ceribeli comentou que “o setor audiovisual contribui para o Ceará com R$ 1,8 bilhão em termos de valor de produção; contribui em termos de pagamento de impostos, em R$ 48,44 milhões; remunerações em R$ 585,27 milhões”.
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A secretária da Cultura do Ceará afirmou que a empresa será criada até o fim deste ano. Foto: Dário Gabriel
A secretária da Cultura do Estado, Luisa Cela, defendeu a criação de uma empresa pública de cinema e disse acreditar que, até o final do ano, a empresa possa ser desenvolvida.
Sobre os dados apresentados, a secretária avaliou que eles demonstram a importância de aprofundar o debate e de reconhecer as contribuições do audiovisual na economia e na geração de empregos, de investimentos e de riquezas para o estado. “O setor cultural também pode falar essa linguagem. Precisamos fazer esse debate econômico. E, além do impacto de desenvolvimento econômico, o audiovisual ainda contribui para gerar imagem do nosso Estado para o Brasil e para o mundo”, frisou.
Segundo o diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Paulo Alcoforado, a criação de uma empresa estadual de cinema permitiria acessar negócios, atrair investimentos, além de potencializar politicas de outras áreas, dinamizando a economia do Estado.
Ele recomendou que a empresa, quando criada, seja capaz de dialogar com as diversas regiões do Estado e reforçou também a importância de investir na formação dos profissionais. “Um desafio, não só do Governo Federal, mas de todos nós, é sofisticar e qualificar a operação do audiovisual na ponta”, declarou.
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A secretária da Cultura de Fortaleza falou do potencial da cidade na produção cinematográfica .Foto: Dário Gabriel
A secretária da Cultura de Fortaleza, Helena Barbosa, ressaltou que a cidade é a quarta maior capital do Brasil e, assim, atraente para as locações cinematográficas. Ela informou ainda que o município também vem trabalhando a fim de incentivar o setor.
“Conseguimos também avançar com a Fortaleza Film Commission. A gente já fez toda a leitura do regimento, já temos uma proposta de comissão gestora, que já está no Gabinete do prefeito, para que se realize o decreto e a gente consiga avançar também nessa etapa”, acrescentou.
Para o diretor da associação Ceará Audiovisual Independente (Ceavi), Roger Pires, é preciso “atrair investimentos e parceira não só de fomento, mas a gente precisa, juntos, de parcerias nacionais e internacionais, de soluções inovadoras”. Ele também reforçou ser fundamental que a empresa pública de cinema seja competitiva e esteja à altura das grandes empresas públicas do setor.
Na avaliação do presidente Instituto Mirante, Tiago Santana, “o audiovisual está em um nível de maturidade no Ceará que eu acho que é a hora certa. Hoje, nós estamos preparados”.
Já a diretora de Formação e Criação do Instituto Dragão do Mar (IDM), Bete Jaguaribe, acrescentou a importância da dimensão política e estética do setor audiovisual. “Hoje, mais do que nunca, o cinema é uma questão de soberania nacional. Ampliar as institucionalidades do campo do cinema é um movimento estratégico relacionado diretamente com a soberania nacional num momento, inclusive, em que essa soberania virou alvo do país que mais usou e usa o cinema como instrumento de divulgação de seu projeto nacional imperialista”, concluiu.
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Foto: Dário Gabriel
Também participaram da audiência pública o cineasta Rosemberg Cariry e os representantes da Secretaria do Turismo do Estado, Bruno Gaspar; da Procuradoria Geral do Estado, Daniel Ribeiro; da Secretaria da Fazenda do Estado, Roberta Pita; do Conselho Estadual de Cultura, Marilena Lima; da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Estado, Arison Uchoa, além das empresas do setor.
Edição: Geimison Maia
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