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Políticas de segurança nas escolas são debatidas na 26ª Conferência da Unale

Por Davi Holanda
09/11/2023 19:36 | Atualizado há 1 ano

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- Foto: Dário Gabriel

As políticas de segurança nas escolas do Brasil foram tema do painel de Yann Evanovick Leitão Furtado, coordenador-geral de Políticas Educacionais para a Juventude da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidades e Inclusão (Secadi), do Ministério da Educação, e Telma Vinha, pesquisadora da Universidade de Campinas, que fez parte da programação desta quinta-feira (09/11) da 26ª Conferência Nacional da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), no Centro de Eventos do Ceará.

O palestrante destacou que os ataques de violência extrema contra as escolas são um fenômeno contemporâneo e que o extremismo é o elemento central de cada um deles. 

“A cooptação de adolescentes é comum, e a misoginia e o racismo desempenham um papel crucial nesse processo. Esses ataques são frequentemente praticados por alunos e ex-alunos, quase sempre como uma reação a ressentimentos, fracassos e violências experienciadas na vida e na comunidade escolar”, frisou. 

Ainda de acordo com ele, o bullying é parte do problema, mas, sozinho, não explica a ocorrência do fenômeno da violência extrema contra a escola. Segundo ele, o fenômeno é multicausal, ou seja, diversos fatores associados produzem a ocorrência de um ataque. 

“A motivação dos ataques não pode ser reduzida apenas às questões de saúde mental dos agressores, ainda que sejam um aspecto significativo”, considerou. 

Como medida para sanar as fatalidades, Yann informou que o Governo Federal realizou a instauração e coordenação do Grupo de Trabalho Interministerial de Enfrentamento à Violência nas Escolas.

“Sabendo da problemática relacionada à invasão de escolas nos últimos meses, o Programa Dinheiro Direto na Escola injetou o valor total de R$ 3,115 bilhões de reais possibilitando o uso dos recursos para investimento em proteção do ambiente escolar”, informou. 

Ainda de acordo com ele, o Governo Federal instituiu ainda o Grupo de Trabalho de Especialistas em Violência nas Escolas, voltado para a elaboração de recomendações para proteção e segurança no ambiente escolar e para a criação de um programa de formação para a implementação das recomendações com foco nas secretarias estaduais e municipais, regionais de ensino, gestores escolares, professores e comunidade escolar. 

Ainda de acordo com o coordenador, foram investidos R$150 milhões para instauração do Programa Nacional de Segurança nas Escolas, para apoio às rondas escolares do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e R$100 milhões para a criação de um projeto de fortalecimento das guardas municipais em diversas cidades brasileiras. 

Já Telma Vinha, pesquisadora da Universidade de Campinas, apresentou uma pesquisa sobre os ataques de violência extrema em escolas brasileiras e destacou que eles acontecem de forma intencional.

“Os ataques são caracterizados como crimes de ódio e são movidos por vingança ou ressentimento. Em todos os casos existe um planejamento para a realização do ataque, onde os agressores utilizam armas com a intenção de causar morte de uma ou mais pessoas”, salientou.

Vinha apresentou um dado que mostra que, entre os anos de 2001 e 2021, 15 ataques em escolas brasileiras foram registrados. Entretanto, entre 2022 e 2023, 21 ataques aconteceram, o que representa 60% do número total de ataques registrados no Brasil concentrados nos últimos 18 meses.

“Em todos esses anos, 137 pessoas foram vítimas de ataques em escolas, dos quais 102 ficaram feridas e 35 morreram, sendo 29 estudantes, quatro professores e dois especialistas. Das 35 mortes, 33 foram por meio de armas de fogo, o que revela que a prevalência da posse de arma de fogo está significativamente associada à incidência de assassinatos em massa e aumento da letalidade”, informou. 

A pesquisadora apresentou ainda o perfil dos autores de ataques ocorridos em escolas brasileiras. De acordo com ela, a maioria são jovens brancos entre 10 e 25 anos, sendo 76,92% menores de idade, com predominância do sexo masculino.

“As concepções e valores dos opressores estão ligados à misoginia, homofobia, racismo e supremacia branca. Identificamos também que eles possuem indícios de transtornos mentais variados e sofrimento acentuado. Porém a questão reside numa leitura racista, homofóbica e misógina do mundo”, pontuou. 

“Esses agressores buscam ainda notoriedade e busca por reconhecimento. Além disso, em sua maioria, são tímidos e desenvolvem poucas relações interpessoais, além de não terem um propósito de vida e desenvolverem o gosto pela violência e pelo culto de armas”, assinalou.

Foto: Dário Gabriel

PALESTRA INSPIRACIONAL

O evento promoveu ainda a palestra inspiracional “Viver Melhor”, ministrada pelo ator, produtor e humorista Nelson Freitas. Em sua apresentação, o ator contou que, durante a pandemia, em seu canal no YouTube e em suas redes sociais, dedicou-se a espalhar mensagens motivacionais com reflexões, crônicas histórias e poesias, buscando sempre levar a audiência a procurar um caminho mais suave, diante de todas as dificuldades. 

Freitas contou também sobre a sua história, que perpassou por uma faculdade de Análise de Sistemas; sua carreira como humorista e sua participação no programa Zorra Total; atuação como vereador e mais recentemente sobre a sua estreia como palestrante. 

O convidado falou ainda sobre os pontos positivos e negativos durante o seu processo de envelhecimento e ofertou conselhos sobre como viver a vida com leveza, priorizando a saúde do corpo e da mente.

 

Edição: Lusiana Freire

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