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Requalificação do parque de Governador César Cals é proposta em audiência

Por Ariadne Sousa
10/06/2024 18:31 | Atualizado há 1 mês

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- Foto: Máximo Moura

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), realizou, na tarde desta segunda-feira (10/06), por meio da Comissão de Agropecuária, audiência pública para discutir sobre o atual estado do Parque de Exposições Governador César Cals, situado na cidade de Fortaleza. 

O solicitante do encontro, deputado De Assis Diniz (PT), destacou que o local é um importante ativo cultural para o Ceará, capaz de ofertar um espaço de lazer e de negócios. “Lá gerações e gerações têm uma memória afetiva, dentre esses está o deputado De Assis Diniz, que saiu do cedro e que tem no parque uma referência da sua adolescência, dos momentos de encontro”, declarou.

Segundo o parlamentar, o Parque está inserido em uma estratégia do Governo do Estado para venda, mas que apesar disso, é necessário responder para onde e de que forma serão realocados os grandes eventos agropecuários que costumam ser promovidos no lugar, como a Feira Cearense da Agricultura Familiar (Feceaf) e a Exposição Agropecuária e Industrial do Ceará (Expoece).

De Assis Diniz lembrou que a temática esteve, nos últimos anos, inserida no escopo da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, mas que, atualmente, o Parque está sob a gestão da Companhia de Participação e Gestão de Ativos do Ceará (CearaPar). “Que tenhamos um norte do que fazer, como fazer e qual a expectativa, qual a esperança, como é que nós vamos nos organizar”, disse o deputado com relação à pretensão do debate de hoje. 

Como resultado das discussões, foi definido, como encaminhamento geral, a solicitação da criação de uma comissão de trabalho que possibilite a manutenção do diálogo entre a empresa responsável pelo Parque e os demais atores interessados, como entidades, produtores e sociedade civil. 

 

DISCUSSÃO

Na avaliação do presidente da Associação dos Criadores do Estado do Ceará (ACC), Antônio Valente Braga Almeida, o equipamento nunca esteve tão deteriorado como atualmente. “Nós ficamos muito preocupados quando o governo desafetou o terreno e deixou disponível para venda, ficamos mais preocupados quando houve a criação da CearaPar para gerenciar esses terrenos. Mas nós estamos todos prontos para ouvir o que se tem, estamos dispostos a conversar como a gente faz para dar sequência àquilo que já faz parte do patrimônio de Fortaleza e do cearense, que são as exposições”, declarou. 

Para o superintendente da Superintendência Federal de Agricultura do Ceará (SFA-CE), Francisco Augusto de Souza Junior, para além da decisão de manutenção ou não do parque no local atual, é preciso olhar para as oportunidades que podem ser criadas se o investimento no mercado agropecuário estadual for adequado. “Se movimentado, eu tenho certeza que vai ser o maior shopping rural do Brasil, tem potencial, basta a gente se organizar, a gente unir as forças e conseguir”, afirmou. 

Representando a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Eduardo Mello, solicitou que as entidades e criadores sejam consultados caso prevaleça, para o Governo Estadual, a hipótese de construção de um novo espaço para as exposições. “Isso é muito importante porque nós temos parques de exposição que os produtores e associações não foram consultadas, e a gente percebe que são estruturas gigantescas, mas fora dos padrões que os animais merecem”, apontou. 

Como sugestão de melhor aproveitamento das instalações do equipamento, o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Ceará (CRMV-CE), Daniel Araújo, apontou que além das feiras e exposições, o local possa sediar um pólo de formação permanente. “O MEC exige que as faculdades de veterinária tenham uma fazenda escola, um local de treinamento. Hoje o estado do Ceará conta com 17 escolas de veterinária, muitas dessas escolas não têm fazenda ainda, e estão em busca de locais para parceria. Muitas dessas instituições são privadas e podem participar dessa revitalização do parque”, completou. 

O diretor superintendente do Sebrae/CE, Joaquim Cartaxo, sintetizando o que foi debatido na audiência, ponderou que a temática deve ser analisada a partir de dois aspectos: a viabilidade de manutenção dos eventos no Parque César Cals, levando em consideração qual modelo de negócio pretendido e o retorno de investimento; ou se possibilidade de venda do terreno é capaz de ofertar um espaço mais adequado e moderno para receber os encontros agropecuários. 

Diante das discussões, a presidente da CearaPar, Carolina Monteiro, afirmou que as negociações realizadas pela empresa consideram o contexto das comunidades e da função social dos equipamentos públicos. “É preciso que nós tenhamos três premissas básicas: função social do espaço, do território; qual vai ser o alcance para uma população maior, do entorno da cidade, de quem trabalha com a área da agropecuária, da agricultura familiar, mais as pessoas que estão no entorno; e da questão do gerenciamento daquele espaço que está sob a responsabilidade da CearáPar”, disse a gestora. 

O debate contou ainda com a participação do secretário de políticas públicas da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), Joathan Magalhães; e do representante da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), Erildo Pontes.

Edição: Clara Guimarães

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