Notícias

Alece realiza palestra sobre os 50 anos do martírio de Frei Tito de Alencar

Por Giovanna Munhoz
11/09/2024 15:55 | Atualizado há 7 meses

Compartilhe esta notícia:

- Foto: Paulo Rocha

Os 50 anos do martírio de Frei Tito de Alencar, frade católico alvo de perseguição durante a Ditadura Militar brasileira, foram lembrados na manhã desta quarta-feira (11/09), durante a palestra “Testemunhos de Frei Tito de Alencar Lima e a Luta por Direito Humanos”. 

O evento, realizado por meio do Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Frei Tito de Alencar da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), em parceria com a Associação dos Amigos da Casa Frei Tito de Alencar, ocorreu na Escola Liceu do Ceará, onde Frei Tito estudou de 1961 a 1962, e contou com a participação de estudantes da instituição.

O deputado Renato Roseno (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Alece e do Escritório Frei Tito, explicou que diversas escolas fazem um trabalho de resgate da memória histórica em busca da promoção da justiça social. “É extremamente relevante que tenhamos memória em relação às violações ocorridas durante a Ditadura Militar. Quem não tem memória comete equívocos. Frei Tito foi um dos mártires do Ceará mais conhecidos e morreu devido às bárbaras torturas e violações dos direitos humanos. Isso deve ser lembrado e contado, para que não se repita”, afirmou.

A coordenadora do Escritório Frei Tito, Patrícia Oliveira, ressaltou a necessidade de tratar sobre o tema da defesa dos direitos humanos e a importância da busca por justiça social. “Aqui estamos divulgando a história de Frei Tito, que foi um lutador e defensor dos direitos humanos e que dá nome ao escritório da Alece de promoção da cidadania”, disse.

Durante o evento, o irmão de Frei Tito, Nildes Alencar, contou a história e trajetória de Frei Tito, que nasceu em setembro de 1945, em Fortaleza, e foi o último de 11 filhos de Ildefonso Rodrigues de Lima e Laura de Alencar Lima. 

Segundo Nildes, ainda jovem, Tito começou a fazer discursos e ingressou na União Cearense de Estudantes Secundaristas. “Ele tinha uma visão política democrática, saudável. Viu que o Brasil não era aquela coisa só verde, amarela e bonita. Entendeu cedo que nosso País era uma terra explorada e desamada. A cada dia ele abria os olhos e foi se tornando um lutador que tinha muito amor”, frisou.

Em 1966, Frei Tito ingressou no noviciado dos dominicanos em Belo Horizonte e, logo depois, foi para São Paulo estudar Filosofia na Universidade de São Paulo (USP). Com a radicalização da situação política iniciada em 1964 com o Golpe Militar, Frei Tito se engajou na luta pela resistência ao regime opressor. “Vários jovens dominicanos lutaram contra a ditadura, e Frei Tito foi preso, torturado e massacrado por anos nas mãos dos militares”, lamentou.

Nildes Alencar enfatizou também que conta a história de luta do irmão para que os jovens conheçam e entendam a importância de se buscar a justiça social. “Tito morreu aos 28 anos, mas não sumiu. Ele não desapareceu, porque lutou pelas necessidades do seu povo. Tito teve essa missão, cumpriu, foi fiel, não foi aceito pelo sistema de governo implantado no nosso Brasil. Há 50 anos ele morreu, mas a luta continua, a luta por escola continua, a luta por igualdade continua”, apontou.

Frei Tito de Alencar foi torturado nos porões da chamada Operação Bandeirantes e, na prisão, escreveu sobre a tortura dele. O documento foi amplamente divulgado e se transformou em símbolo de luta pelos direitos humanos.

 

ESCRITÓRIO FREI TITO

Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Frei Tito de Alencar (EFTA) é um órgão permanente de promoção à cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). 

A atuação tem foco na assessoria jurídica popular, judicial e extrajudicial, às comunidades vulnerabilizadas e aos grupos, coletivos, movimentos e indivíduos em casos emblemáticos de violações de direitos humanos.

Edição: Geimison Maia

Veja também