PEM destaca importância da participação do homem no combate à violência contra a mulher

A Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) promoveu, nesta segunda-feira (25/11), mais uma ação da campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, iniciativa que visa conscientizar a sociedade sobre a importância de combater a violência de gênero.

O evento ocorreu no Centro Administrativo Getúlio Vargas, do Banco do Nordeste (BNB), em Fortaleza, como parte da Semana Interna de Prevenção de Acidentes da instituição. A programação incluiu uma palestra e uma roda de conversa por videoconferência, com a participação dos funcionários do BNB. Durante a ação, foram apresentados os serviços oferecidos pela Procuradoria Especial da Mulher e discutida a importância da campanha como ferramenta essencial para o enfrentamento à violência contra a mulher.

Na oportunidade, o psicólogo Erlito Rabelo, da PEM, destacou a importância das ações preventivas e informativas realizadas pela campanha em todo o estado do Ceará e reforçou o papel dos homens na mudança de atitudes cotidianas que perpetuam a violência de gênero. Ele enfatizou a necessidade de repensar comportamentos e falas que, mesmo de forma sutil, contribuem para manter uma cultura machista. 

Ele citou exemplos de falas machistas e comentários de teor desrespeitoso como elementos que alimentam essa cultura e defendeu a adoção de posturas mais respeitosas e igualitárias. Além disso, lembrou que “é dever de todos, enquanto cidadãos, ajudar a combater essa realidade”. 

Advogada Anne Fernandes, ao lado do psicólogo Erlito Rabelo, ambos da PEM, apresenta dados da ONU sobre feminicídio / Foto: Bia Medeiros

A advogada Anne Fernandes apresentou dados alarmantes, como pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) apontando que, a cada 10 minutos, uma mulher é vítima de feminicídio no mundo. Ela também reforçou que o objetivo da campanha é promover reflexões e diálogos com homens e mulheres sobre a gravidade do problema e sobre a responsabilidade coletiva em enfrentá-lo. 

Anne também esclareceu os cinco tipos de violência previstos na Lei Maria da Penha: violência física, que inclui tapas e empurrões; violência psicológica, caracterizada por insultos e humilhações que destroem a autoestima da vítima; violência sexual, que envolve forçar atos sexuais sem consentimento; violência moral, como calúnia, difamação e injúria, e violência patrimonial, que diz respeito a danos, retenção ou destruição de bens, documentos ou dinheiro. Ela ressaltou ainda que “a lei protege tanto mulheres cis quanto trans, desde que a vítima seja uma mulher, enquanto o agressor pode ser homem ou mulher”.

Já a psicóloga Lisa Fernandes trouxe uma explicação detalhada sobre o ciclo da violência, composto por três fases: a fase de tensão, em que o controle e as críticas começam de forma disfarçada; a fase de violência, na qual as agressões se tornam mais evidentes e podem evoluir para atos graves, e a fase da “lua de mel”, em que o agressor pede desculpas, promete mudanças e tenta justificar seus atos. 

Lisa alertou que esses ciclos tendem a se agravar com o tempo e reforçou que, muitas vezes, a vítima permanece em relacionamentos abusivos devido a fatores emocionais, sociais e econômicos, que acabam normalizando comportamentos violentos. “É importante frisar que não há amor onde há violência e que ciúmes e controle não são formas de cuidado, mas sim sinais de alerta”, disse. 

O gerente executivo e presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA) do BNB, Victor Lemos, destacou a relevância da Semana Interna de Prevenção de Acidentes, especialmente pela inclusão inédita da discussão sobre a prevenção ao assédio, alinhada às diretrizes da legislação trabalhista. Ele também ressaltou a colaboração da Procuradoria Especial da Mulher, cuja experiência prática no enfrentamento à violência e ao assédio trouxe contribuições valiosas para o evento.

“Contar com a expertise de quem atua na linha de frente é fundamental para avançarmos nesse tema tão delicado e importante. Sabemos que ainda há muito a ser feito, mas somos profundamente gratos pelo trabalho comprometido da Assembleia Legislativa nesse enfrentamento”, finalizou.

SOBRE A CAMPANHA 

A Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) está promovendo uma série de ações em alusão à campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”. Essa ação global tem como objetivo sensibilizar a sociedade sobre a urgência de combater a violência de gênero e promover a igualdade de direitos.

As atividades promovidas pela Alece se estenderão até o dia 6 de dezembro, data que marca a campanha Laço Branco, que visa engajar os homens na luta contra a violência contra as mulheres e na promoção da igualdade.

Já foram realizadas ações na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece); na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção; nas câmaras municipais de Redenção e Itaitinga; no Condomínio Barlavento em Fortaleza e no Centro Administrativo do Banco do Nordeste, também na capital cearense.

PRÓXIMOS EVENTOS:

26/11 – 9h30: Palestra sobre os 21 dias de ativismo para mulheres assistidas pelo CRAS Indígena Pitaguary
Local: CRAS Indígena Pitaguary, Maracanaú

28/11 – 10h: Roda de conversa na Comunidade Indígena Jeninapo-Kanindé sobre violência de gênero e o papel dos homens no enfrentamento
Local: CRAS Indígena, Aquiraz

04/12 – 10h: Palestra sobre violência contra a mulher e o papel dos homens, no Porto do Pecém
Local: Distrito do Pecém, São Gonçalo do Amarante

04/12 – 18h30: Palestra para estudantes de Psicologia e Direito
Local: Centro Universitário Católica de Quixadá

05/12 – 14h às 16h: Palestra para a equipe do NASF de Tauá
Local: Núcleo de Apoio à Saúde da Família, Tauá

05/12 – 18h30 às 20h: Palestra na Associação dos Mototaxistas de Tauá
Local: R. Chico Tete, Tauá

06/12 – 10h às 12h: Palestra com servidores do Hospital Municipal de Tauá
Local: Hospital Municipal de Tauá

06/12 – 14h30: Palestra para servidores da Câmara Municipal e sociedade de Arneiroz
Local: Câmara Municipal de Arneiroz

Edição: Clara Guimarães