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Legado de Chico Mendes é enaltecido em debate realizado na Alece

Por Pedro Emmanuel Goes
03/04/2025 18:40 | Atualizado há 1 mês

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Debate foi realizado na tarde desta quinta-feira (03/04), no Complexo de Comissões Técnicas da Alece - Foto: Érika Fonseca / Alece

O legado do ambientalista Chico Mendes foi enaltecido durante debate realizado na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), na tarde desta quinta-feira (03/04). A iniciativa foi uma parceria entre as comissões de Direitos Humanos e Cidadania e de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido da Alece, com o Instituto de Desenvolvimento Agrário (Idace), como parte do projeto Idace Debate. Para realizar a apresentação do tema, foi convidada a presidente do Instituto Chico Mendes, Ângela Mendes, filha do ambientalista. 

Chico Mendes foi um seringueiro, sindicalista e ativista político brasileiro, reconhecido mundialmente pela luta em favor dos seringueiros da Amazônia, cuja subsistência dependia da preservação da floresta e das seringueiras nativas.

De acordo com o deputado Renato Roseno (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania, Chico Mendes liderou o movimento socioambientalista muito antes de a discussão ambiental ter a importância reconhecida, como ocorre atualmente. 

“Ele foi um profeta ao alertar que a floresta amazônica também abriga diferentes povos, como indígenas, quilombolas, camponeses e outros, e que a conservação dos recursos naturais dali também dependia da garantia dos direitos e do respeito à identidade dos povos que ali habitam”, avaliou o parlamentar.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido, deputado Bruno Pedrosa (PT), reforçou o compromisso do colegiado com a luta ambiental e defendeu a necessidade de políticas socioambientais que reduzam os impactos das mudanças climáticas. “Precisamos fortalecer o zoneamento ecológico, a criação e manutenção de unidades de conservação, garantir uma transição energética responsável com os povos, fortalecer cadeias produtivas sustentáveis, entre outras medidas, pois a história de Chico Mendes não ficou no passado”, comentou.  

Ângela Mendes falou sobre o legado do pai, o ambientalista Chico Mendes - Foto: Érika Fonseca / Alece

Ângela Mendes fez uma breve apresentação sobre a trajetória do pai, desde o processo de alfabetização, que iniciou aos 19 anos de idade no município natal dele - Xapuri (Acre) - até a transformação da imagem de Chico Mendes em símbolo de luta ambientalista, com reconhecimento como Patrono do Meio Ambiente. 

De acordo com ela, foi a partir da criação dos sindicatos de seringueiros (que depois passaram a ser chamados de extrativistas), que os movimentos de resistência começaram a tomar forma. “Foi com o movimento sindical liderado por meu pai que nasceram alguns projetos, como o projeto Seringueiro, iniciativa destinada à educação dos trabalhadores dos seringais e a partir da qual puderam obter um olhar mais crítico sobre os desafios que deveriam superar para que sua atividade fosse realizada com dignidade”, explicou.

A convidada também lembrou os primeiros movimentos de resistência dos quais o pai participou, como os “empates”, barreiras humanas formadas por trabalhadores para impedir, de forma pacífica, o desmatamento da floresta. 

Outra característica deixada por Chico Mendes foi a participação da juventude na defesa ambiental. Atualmente, o Instituto Chico Mendes atua junto a alguns coletivos de jovens, orientando e conscientizando sobre as lutas dos povos da Amazônia. 

João Alfredo, superintendente do Idace e um dos propositores do debate, reforçou a “genialidade” de Chico Mendes e o caráter social pioneiro de suas ações. “Ele criou a Aliança dos Povos da Floresta, formada por indígenas, seringueiros e outros, com o objetivo fim de articular a defesa dos trabalhadores e da floresta em si, antecipando o pensamento socioambientalista, conceito que ganhou o mundo e hoje é estudado academicamente e se tornou indispensável para o curso do mundo atual, especialmente no Brasil”, afirmou.

O debate seguiu com participações do deputado Missias Dias (PT), do vereador de Fortaleza Gabriel Aguiar (Psol) e de representações da Defensoria Pública do Estado, da Secretaria de Igualdade Racial do Estado do Ceará, da Ordem dos Advogados do Brasil - secção Ceará (OAB-CE) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas.

Confira abaixo a íntegra do debate:

Edição: Geimison Maia
 

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