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Ex-governador Lúcio Alcântara fala sobre política, trajetória e legado no Conexão Alece

Por Narla Lopes
14/04/2025 10:31 | Atualizado há 1 semana

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- Reprodução: YouTube

O Conexão Alece, programa multiplataforma da Alece FM (96,7 MHz), entrevistou, nesta segunda-feira (14/04), o ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara. Na conversa, ele falou sobre sua trajetória, experiências de vida e visão sobre a política atual. Médico de formação, Lúcio acumula uma longa carreira pública: ele foi três vezes secretário de Saúde do Ceará, prefeito de Fortaleza, duas vezes deputado federal, senador da República, vice-governador e governador do Estado. 

Mesmo distante dos cargos eletivos, Lúcio afirmou que mantém uma rotina ativa e continua acompanhando de perto os temas que impactam a vida dos cearenses. “Na política, hoje sou apenas um observador privilegiado. Não tenho expectativas nem para mim nem para qualquer familiar em relação a cargos ou posições. Agora tenho uma agenda muito carregada. Costumo dizer que sou o aposentado mais ocupado que existe”, brincou. 

Lúcio contou que dedica boa parte do tempo à escrita, às instituições culturais das quais participa e à organização do próprio acervo. “Tudo isso me dá vitalidade e me mantém inserido na comunidade”, frisou. 

Ele também relembrou momentos marcantes da vida, como o tempo em que andava de bicicleta pela Avenida Beira Mar, em Fortaleza. Após um acidente, passou a caminhar, hábito que manteve inclusive enquanto era governador. "Nunca, até hoje, na Beira Mar — que é um verdadeiro ponto de encontro, onde convergem pessoas de diferentes origens e mentalidades — fui interpelado ou desrespeitado. Pelo contrário, todos os dias alguém me cumprimenta, me reconhece, me agradece. Até pessoas que não são da minha geração. É assim em qualquer lugar que eu vá. Considero isso o maior legado que construí na política”, destacou.

O ex-governador também refletiu sobre sua entrada na vida pública. Inicialmente, seguiria carreira acadêmica na Medicina, mas aceitou o convite do então governador César Cals para assumir a Secretaria de Saúde do Estado. “Era um jovem médico, ia fazer doutorado na Inglaterra, mas o vendaval da política me carregou”, relembrou.

Sobre sua família, disse que o envolvimento com a vida pública nunca foi imposto, nem por seu pai, político experiente, nem por ele mesmo aos filhos. “Meu filho [Leo Alcântara] foi deputado federal por três mandatos, mas decidiu não continuar. Eu respeitei”, assinalou. 

Lúcio Alcântara refletiu sobre o papel dos jovens na renovação da política. “Enquanto estive mais ativamente na vida pública, sempre me preocupei com a formação de novos quadros. Já naquela época — e hoje ainda mais — ganhava força a ideia da antipolítica, como se fosse possível uma sociedade funcionar sem ela. Isso não existe. O que precisamos, de fato, é de bons políticos”, destacou.

Ele pontuou que, quando um jovem o procura interessado em ingressar na vida pública, ele faz questão de orientar e apoiar. “Sempre faço a mesma pergunta: o que te atrai na política? Porque, se for o dinheiro, está no caminho errado. A política é, acima de tudo, a arte de servir. É uma atividade que cobra muito de você, exige uma disponibilidade pessoal e da família”, pontuou.

Em outro momento, falou sobre os bastidores e os riscos que envolvem a atividade política. Ele revelou que chegou a considerar a possibilidade de disputar um mandato de deputado estadual, mas acabou desistindo diante da resistência da esposa que, até então, sempre o acompanhou e apoiou nas campanhas.

“Ela argumentou que a política havia se tornado uma atividade de alto risco — pela forma como vêm sendo conduzidas as relações, os negócios, o uso do dinheiro. Disse para mim e para o meu filho: ‘Vocês saíram bem, saíram limpos, então deixem isso pra lá’. E foi mais longe: ‘Se você for candidato, no outro dia eu pego um avião e você nem vai saber para onde fui’. Aí decidi não causar esse mal-estar”, contou, sorrindo.

Sobre os cargos que ocupou, disse que sempre se dedicou ao máximo. “No Senado, era ativo. No Executivo, fui até obcecado pela gestão. Mas foi como prefeito que me senti mais próximo da população”, afirmou. Ele relatou que costumava anotar as demandas do povo em um caderno e transformava aquilo em ações concretas. “Fiz um bom governo. E sempre dizia: quem quiser falar comigo, fala. Pode não ser na hora, mas fala”, acrescentou. 

Na conversa, também destacou o papel da imprensa e relembrou sua contribuição para a criação da TV Assembleia, hoje Alece TV. “Eu não só dei a concessão, como garanti os meios para executar”, pontuou. 

Durante a entrevista, o ex-governador ainda compartilhou reflexões sobre o cenário político atual e demonstrou preocupação com o avanço do radicalismo e da intolerância. Sobre o tema polarização, ele apontou que o embate entre Lula e Bolsonaro acirra os ânimos de forma preocupante. “Gostem ou não, eles são os dois grandes líderes ativos no País. Mas os seguidores, muitas vezes, ultrapassam os limites da convivência democrática. Discordar é natural, mas o radicalismo está em um nível perigoso”, concluiu. 

Esses e outros assuntos abordados pelo político Lúcio Alcântara durante entrevista à jornalista Kézya Diniz podem ser acompanhados na íntegra no Alece Play e YouTube:

SERVIÇO

Produzido por Kássia Braga e apresentado por Kézya Diniz, o Conexão Alece pode ser acessado no Alece PlayA novidade já pode ser baixada no Google Playem celulares Android, ou acessada pelo navegador no celular, tablet, computador e smart TV. 

O programa vai ao ar às segundas-feiras, na Alece FM e no YouTubea partir das 8h, com reprises na Alece TV às 20h30. Além disso, o programa fica disponível em formato de podcast nas principais plataformas de áudio: Spotify, Deezer, YouTube Music e Apple Podcasts.
 

Edição: Vandecy Dourado

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