Lia Gomes destaca a interiorização e fortalecimento da rede de apoio às mulheres no Conexão Alece
Por Narla Lopes05/05/2025 11:46 | Atualizado há 3 horas
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O Conexão Alece, programa multiplataforma da Alece FM (96,7 MHz), entrevistou, nesta segunda-feira (05/05), a secretária das Mulheres do Ceará, Lia Gomes. Médica e deputada estadual licenciada desde janeiro, ela assumiu a pasta com a missão de expandir e interiorizar as políticas públicas voltadas às mulheres, com foco especial no enfrentamento à violência e no fortalecimento da autonomia feminina.
Durante a conversa, Lia explicou que sua decisão de deixar a Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa, a convite do governador Elmano de Freitas (PT), foi motivada pelo desejo de alcançar mais mulheres, especialmente nos municípios do interior. “Enquanto estive na Procuradoria, conseguimos abrir 57 equipamentos, entre procuradorias e salas de apoio. Mas percebi que, no Executivo, eu poderia fazer ainda mais. Podemos chegar onde a ajuda é mais necessária”, afirmou.
Um dos caminhos para ampliar esse alcance tem sido o programa Ceará por Elas, que articula com os municípios a criação de espaços de atendimento às mulheres. As prefeituras entram com a estrutura e as equipes, enquanto o Estado oferece capacitação, um sistema de dados padronizado e viaturas para a Patrulha Maria da Penha.
Lia também ressalta a importância de manter uma rede de acolhimento estruturada e especializada. Ela citou os equipamentos como as Salas Lilás, presentes em delegacias, e nas Casas da Mulher, que concentram diversos serviços em um único local.
Ela lembra que a primeira Casa da Mulher Brasileira no Ceará foi implantada ainda no governo Dilma Rousseff, por iniciativa do então governador Cid Gomes. Com a interrupção do programa federal durante o governo Bolsonaro, o Estado passou a construir, com recursos próprios, as Casas da Mulher Cearense. Hoje, o Ceará conta com uma Casa da Mulher Brasileira e três estaduais. “Esses equipamentos atendem até 19 municípios, mas muitas mulheres ainda precisam viajar até 200 km para acessar os serviços. Por isso, estamos investindo na criação de mais três casas municipais”, afirmou.
A secretária explicou ainda que, com a retomada do programa pelo governo do presidente Lula, o Ceará será contemplado com mais três Casas da Mulher Brasileira, já anunciadas pelo governador Elmano. “Os recursos já estão depositados. Cada unidade custa cerca de R$ 10 milhões para ser construída e equipada”, pontuou.
Além da estrutura física, Lia defende que a autonomia financeira é fundamental para romper o ciclo da violência. Por isso, a secretaria promove cursos que vão desde áreas tradicionais, como culinária e estética, até setores técnicos, como elétrica e manutenção de celulares. “A mulher precisa ser acolhida, mas também precisa conquistar sua independência para superar a violência. E isso passa por renda, trabalho e autonomia”, enfatizou.
Ela também destaca a parceria com a Secretaria do Trabalho para ampliar o acesso ao crédito por meio do Ceará Credi Mulher, que vai destinar R$ 62 milhões ao empreendedorismo feminino. “Às vezes, a mulher quer vender bolos, mas não tem nem dinheiro para uma batedeira. Este crédito pode chegar a R$ 21 mil, e se for pago corretamente, ela ainda recebe o valor da última parcela de volta”, explicou.
A proposta, segundo Lia, é levar esses cursos e ações para além das Casas da Mulher, em parceria com câmaras municipais, prefeituras e secretarias locais. “Muitas mulheres ainda estão sofrendo violência e não estão preparadas para procurar ajuda. Por isso, precisamos ir até elas também”, defendeu.
Lia também fala sobre como o conceito de violência contra a mulher tem evoluído. “Se olharmos para trás, muitas de nós já passamos por situações que só depois percebemos serem violentas. Hoje, muitas mulheres se reconhecem nesses relatos”, observou. Ela destacou que, na Casa da Mulher Brasileira, a maior queixa já não é a violência física, mas a psicológica, um sinal de que as mulheres estão mais informadas, reconhecendo-se como vítimas e buscando justiça. “Para mim, isso é um grande avanço”, afirmou.
Ela chamou atenção também para a violência patrimonial, ainda pouco reconhecida, que ocorre quando o agressor destrói documentos, quebra instrumentos de trabalho ou faz empréstimos no nome da vítima sem autorização. “Isso é crime, e muitas pessoas nem sabem disso”, alertou.
Lia lembrou ainda que a Lei Maria da Penha foi ampliada para proteger idosas vítimas de abuso financeiro e, recentemente, passou a abranger também casais homoafetivos, inclusive homens, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao orientar as mulheres sobre como buscar ajuda, Lia enfatizou que tudo depende do grau de risco. “Se ele tem arma, usa drogas ou ameaça matar os filhos, ela precisa procurar ajuda imediatamente”, disse, alertando sobre casos de feminicídio ocorridos após a retirada de medidas protetivas.
Para aquelas que ainda não se sentem prontas para denunciar, a secretária indica o canal Zap Delas, que oferece atendimento pelo WhatsApp. “A mulher não precisa denunciar logo. Pode apenas buscar informações. Cada uma tem seu tempo para denunciar”, frisou.
Lia Gomes acrescenta que o acolhimento precisa ser empático e respeitoso. “Temos que dizer: ‘Quando você estiver pronta, existe uma porta. A Casa da Mulher está aqui, com sigilo e segurança. Você pode apenas conversar com uma psicóloga, fazer um curso. O importante é saber que você não está sozinha”, concluiu.
O Conexão Alece vai ao ar às segundas-feiras, na Alece FM e no YouTube, a partir das 8h, com reprises na Alece TV, às 20h30. O programa também fica disponível em formato de podcast nas plataformas de áudio Spotify, Deezer e Apple Podcast.
Edição: Lusiana Freire
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