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Memória Oral por Verdade e Justiça ouve depoimentos de vítimas da ditadura

Por ALECE
20/03/2014 15:08

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- Foto: Junior Pio

Os primeiros depoimentos sobre o período da Ditadura Militar no Brasil, do projeto “Memória Oral por Verdade e Justiça”, parceria entre o Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Ceará (Inesp) e a Associação Anistia 64/68, foram apresentados na manhã desta quinta-feira (20/03), no Auditório Murilo Aguiar da Assembleia Legislativa.

Para dar início às atividades, o presidente do Inesp, Ilário Marques, ressaltou que o objetivo do projeto é preencher mais uma lacuna que esteve aberta por tantos anos a respeito do que aconteceu com os presos políticos durante a ditadura militar. “Formaremos um banco virtual e oral com os relatos dessas pessoas que foram personagens desse período e disponibilizaremos para estudos e pesquisas da população. É uma forma de não deixar que tudo o que foi vivido caia no esquecimento”, definiu Marques.

O deputado Lula Morais (PCdoB) enalteceu a iniciativa dos responsáveis pelo projeto, afirmando a necessidade de um registro dessas memórias. “É de total importância contar e recontar o que realmente aconteceu naquela época, e nada melhor do que seus protagonistas para dividi-las conosco. Essas pessoas foram lutadores e vítimas de um momento que não pode ser esquecido”, enfatizou o parlamentar.

Mário Albuquerque, conselheiro da Comissão Federal de Anistia do Ministério da Justiça, ressaltou que o propósito de projetos como esse é exclusivamente preservar a real história do País, lembrando ainda que há muito tempo já se vem trabalhando com a busca dessas memórias. “Essa memória precisa vir à tona, para que não se repita. Não trabalhamos no sentido de vingança, mas de apresentar o que realmente aconteceu”, explicou o conselheiro.

O projeto contemplará 11 encontros temáticos, que serão realizados às quintas-feiras. Hoje, o tema do encontro foi “O Dia do Golpe no Ceará”, apresentando o relato do advogado trabalhista e ex-vereador cassado na época Tarcísio Leitão; do ex-vereador cassado Manoel Aguiar de Arruda; do educador e ex-deputado cassado Amadeu Arrais; do ex-reitor da Uece e presidente da Comissão de Justiça e Paz, Cláudio Régis Quixadá, e do ex-preso político Francisco Cândido Feitosa.

Durante o evento, foi lançado o livro “Onde está meu filho? Grito de uma mãe que não se fez calar”, organizado pelos jornalistas Gilvandro Filho, Chico de Assis e Jodeval Duarte, pela advogada Glória Brandão e a jornalista e ex-deputada Cristina Tavares. A publicação conta a história de Dona Elzita, que faleceu em 2008 e nunca teve respostas sobre o que aconteceu com seu filho, Fernando Augusto de Santa Cruz de Oliveira, desaparecido durante a Ditadura Militar.
LA/CG

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