Audiência discute prevenção do câncer de cabeça e pescoço e demandas de pacientes
Por Juliana Melo14/08/2024 18:29 | Atualizado há 8 meses
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Especialistas e representantes dos pacientes foram convidados pela Comissão de Previdência Social e Saúde (CPSS) da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) para debater, nesta quarta-feira (14/08), sobre formas de prevenção do câncer de cabeça e pescoço e as demandas dos pacientes sobre diagnóstico e tratamento.
A audiência pública foi conduzida pelo vice-presidente da CPSS, deputado Alysson Aguiar (PCdoB), que reforçou a importância de sensibilizar a população para a prevenção e o diagnóstico precoce, além de fortalecer políticas públicas e ações dentro dos serviços de saúde.
O parlamentar destacou que irá propor um projeto de lei para instituir a Campanha Julho Verde em âmbito estadual, com o intuito de promover a conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço. E informou também que apresentará uma proposição para que as policlínicas mantidas pelo Estado façam todo o tratamento e acompanhamento dos pacientes durante o pós-operatório.
Segundo o presidente regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) no Ceará, o médico cirurgião Francisco de Assis Castro Bonfim Júnior, a doença pode se manifestar na cavidade oral, garganta, tireóide, glândula salivares e até a partir dos tumores de pele. O médico também frisou a importância reforçar a educação sobre os fatores de risco, tais como tabagismo, consumo de álcool, exposição solar e o Papilomavírus Humano (HPV).
Em relação aos pacientes já diagnosticados, o especialista informou que todos os serviços estão sobrecarregados e que a população perde muito com a dificuldade financeira da Santa Casa de Misericórdia.
A representante da Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ABCCP BRASIL), a fonoaudióloga Cláudia Belém, explicou que nos casos mais graves, como retirada da laringe, os pacientes precisam de acompanhamento e tratamento após a cirurgia, além de reabilitação, insumos para o dia a dia e até uso de laringe eletrônica. Porém, nem todos têm acesso, o que compromete a qualidade de vida dessas pessoas. Ela cobrou políticas públicas de atendimento para os laringectomizados, e afirmou que eles se enquadram como deficientes e deveria ter atenção adequada do estado.
A coordenadora do Serviço de Estomaterapia do Hospital de Messejana, Aurilene Lima, destacou que há uma completa mudança na vida das pessoas que sofrem casos mais graves e que muitos não têm condições de manter o tratamento. "Precisamos de uma política pública para que eles possam falar bem, respirar bem, dormir bem e ter uma vida que eles merecem", frisou.
O relato sobre os novos desafios dos pacientes foi feito pelo representante do Grupo de Apoio a Paciente com Câncer de Cabeça e Pescoço (GAL CEARÁ), Akehl Duckelman Rodrigues. Ele explicou que ainda aguarda para ter acesso a uma prótese fonatória e que hoje usa laringe eletrônica emprestada para poder falar. Ele ressaltou ainda que acredita que os números de pessoas na mesma situação ou em condições piores são maiores do que os dados oficiais.
Segundo o chefe do serviço de cirurgia de cabeça e pescoço do Hospital Haroldo Juaçaba, dr. Washington Luiz, há uma desafio de garantir o diagnóstico. Ele citou casos em que há demora para o paciente conseguir uma biopsia ou outros exames importantes, o que pode agravar a situação dos doentes.
Representando a secretaria de Saúde do Estado, o coordenador da Central de Regulação do Estado, Breno Novais, informou que irá levar as demandas apresentada na audiência para a titular da secretaria, Tânia Mara Coelho, e que a pasta está à disposição para receber as demandas dos pacientes e profissionais de saúde.
Também estiveram presentes o representante do Hospital Geral de Fortaleza, o médico Fernando Porto; o representante do Hospital Universitário Walter Cantídio, médico Márcio Studart; a representante do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde, Nara Ribeiro.
Edição: Clara Guimaraes
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