Geriatra João Macedo esclarece diferenças entre Alzheimer e demência no Conexão Alece

O Conexão Alece, da rádio Alece FM (96,7 MHz), recebeu, nesta segunda-feira (09/12), o médico geriatra João Macedo Coelho Filho, especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, que esclareceu as diferenças entre Alzheimer e demência, a população mais acometida, os avanços para o diagnóstico e o cenário da medicina no tratamento desses quadros clínicos.

De acordo com ele, a demência é ocasionada por um conjunto de doenças, entre elas a doença de Alzheimer sendo a principal, correspondendo a 70% dos casos. “Demência existe em diversas outras condições, como deficiência de vitaminas, processos infecciosos e outras doenças degenerativas. O Alzheimer já se caracteriza por uma perda progressiva das funções cerebrais superiores, como memória, linguagem, dificuldades de traçar um raciocínio, se orientar no tempo e espaço, e essas dificuldades vão comprometendo progressivamente a funcionalidade do indivíduo, de tal modo que pessoas com essa doença passam a não poder mais exercer tarefas simples, como pegar um transporte, fazer compras ou preparar uma refeição. É uma doença que compromete a funcionalidade do indivíduo”, explicou o profissional.

Outros tipos de demência elencados pelo médico são ocasionados por problemas vasculares, associados a alterações circulatórias no cérebro, relacionadas a isquemias e pequenos acidentes vasculares cerebrais (AVC). “Lembramos sempre da sequela motora do AVC, mas a gente pouco lembra de uma das sequelas importantes, que é a disfunção cognitiva, a memória, que é muito parecida com a doença de Alzheimer”, apontou.

Apesar de o Alzheimer acometer mais a população idosa, é possível que a doença se manifeste em pessoas com idade mais precoce, conforme João Macedo. “Já tive pacientes com 45 anos. Não é o mais comum, mas nesses casos temos que pensar fortemente em fatores genéticos associados, enquanto em idades mais avançadas estariam relacionados a outros fatores”, pontuou.

João Macedo alertou para a necessidade de observar sinais que podem aparecer, sobretudo na população mais suscetível, como esquecer ações recentes, nomes de parentes com quem convive e mudanças de comportamentos. “Havendo essas suspeitas, cumprimos uma série de etapas, começando por ouvir os familiares que convivem com a pessoa. Depois, fazemos um teste cognitivo sobre a memória, linguagem, orientação, coisas que nos ajudam muito no diagnóstico, porque é uma avaliação objetiva. Não depende da percepção de outras pessoas, é uma informação que se a pessoa estiver cognitivamente bem ela vai responder, se não, não vai conseguir”, ressaltou.

Idosos que já têm o diagnóstico de algum tipo de demência precisam, segundo o especialista, de um acompanhamento médico multidisciplinar para desenvolver meios que evitem o avanço da doença. Aquele que tiver o diagnóstico precoce tem, por meio de fonoaudiólogos, fisioterapeutas e outros profissionais, a possibilidade de tardar um quadro clínico debilitante. “Um idoso com Alzheimer avançado, uma demência avançada, começa a ter dificuldade na deglutição. Então, a participação de um fonoaudiólogo, por exemplo, pode auxiliar, por meio de exercícios, a adiar a necessidade de esse idoso precisar de uma sonda para se alimentar, que aconteceria somente em uma fase avançada da doença”, destacou.

Você pode acompanhar a entrevista completa do Dr. João Macedo à jornalista Kézya Diniz, em que ele fala ainda sobre casos de demência que podem ser reversíveis, a importância da alimentação sobre a evolução do Alzheimer, o cuidado e a atenção aos cuidadores de idosos com demência e outros assuntos no vídeo abaixo, da transmissão no YouTube. 

O Conexão ALece é um programa multiplataforma da rádio Alece FM (96,7 MHz), transmitido também pelo canal da emissora no YouTube, às segundas-feiras, a partir das 8h. A produção é veiculada ainda na Alece TV (canal 31.1), às segundas-feiras, às 20h30, e fica disponível no podcast da emissora. Basta procurar o canal nas principais plataformas de áudio, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts e Google Podcasts.

Edição: Lusiana Freire