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Projeto propõe que quadrilhas juninas sejam reconhecidas como patrimônio cultural imaterial do Ceará

Por Gleydson Silva
25/02/2025 13:38 | Atualizado há 2 meses

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Quadrilha junina cearense - Foto: Ascom Secult

Pode-se dizer que o mês de junho é um dos mais queridos e aguardados por nordestinos e amantes de festejos, comidas juninas e tudo mais que essa época pode proporcionar. Sendo uma das mais importantes tradições desses festejos, as quadrilhas juninas podem ser reconhecidas como festa popular e manifestação cultural de relevante importância para o estado do Ceará.

É o que sugere o projeto de lei n.º 89/2025, de autoria do deputado Simão Pedro (PSD), e em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). A matéria reconhece também as quadrilhas juninas como parte do patrimônio cultural imaterial e uma tradição fundamental na preservação da identidade nordestina.

“As quadrilhas juninas representam uma das expressões culturais mais vibrantes do Nordeste, sendo um elo essencial entre tradição e identidade do povo cearense. E o Ceará se destaca nacionalmente pelo vigor do movimento junino, que mobiliza milhares de brincantes, produtores culturais e comunidades em todo o Estado”, ressalta o deputado na justificativa ao projeto.

De acordo com o Simão Pedro, a Secretaria da Cultura do Ceará aponta que somente o Festejo Ceará Junino reuniu mais de 200 quadrilhas, em 21 festivais, em 2024, evidenciando a importância dessa tradição e sua capacidade de gerar impacto econômico e social significativo. 

“Além do valor cultural, as quadrilhas juninas desempenham um papel fundamental na inclusão social, especialmente nas periferias e no interior do Estado, onde muitas dessas manifestações são mantidas pelo esforço de comunidades que veem na dança e no folclore um caminho para o fortalecimento de vínculos comunitários e o desenvolvimento de habilidades artísticas”, destaca o parlamentar.

Simão Pedro defende ainda que o reconhecimento da quadrilha junina como manifestação cultural de importância para o Ceará é um passo essencial para garantir políticas públicas de valorização, incentivo e proteção dessa tradição. “Este projeto de lei visa assegurar que a cultura junina continue sendo preservada e fortalecida, garantindo às futuras gerações o acesso a esse rico patrimônio cultural cearense”, enfatiza.

Para o orientador da Célula de Patrimônio Imaterial da Secretaria Estadual da Cultura (Secult), Emmanuel Bastos, as quadrilhas juninas são algumas das mais importantes manifestações culturais do Estado. “Com presença em todas as regiões cearenses, são elas que guardam manifestações populares e tradições que são compartilhadas e preservadas, permitindo que as referências da identidade cearense continuem a florescer”, avalia.

Segundo ele, todos os grupos começam seus trabalhos no ano anterior aos festejos, ao desenvolver pesquisa sobre os temas diversos da vida cotidiana, além de interagir com várias linguagens artísticas. “Os ensaios mobilizam comunidades inteiras, bairros, cidades que se entrelaçam nos passos no ritmo das matrizes do forró, reconhecidas como patrimônio cultural imaterial do Brasil”, observa. 

No Nordeste brasileiro, inclusive no Ceará, não é diferente, conforme Emmanuel Bastos. Ele ressalta que a chegada do mês de junho traz consigo essa tradição do grupos juninos até para as escolas. “Essa interface da prática e da participação motiva, desde cedo, crianças e jovens para a continuidade e transmissão entre gerações”, afirma. 

O orientador da Secult ressalta que a pasta investe continuamente, há 25 anos, em uma política pública de ciclo junino que aporta recursos junto aos grupos, aos festivais e aos trabalhadores da cultura. De acordo com ele, os editais têm uma função social e econômica no fomento à economia artística, criativa e cultural, considerando o grau elevado de informalidade do setor e dos trabalhadores da cultura, assumindo um papel na permanência de atividades culturais promovidas pelos atores e fazedores artísticos em nosso Estado.

“Em 2024, a Secult investiu diretamente R$ 5,2 milhões nessa rede econômica da cultura junina. A previsão para 2025 é de que os investimento com os editais do ciclo ultrapassarão os R$ 6 milhões”, informa.

Na avaliação de Emmanuel Bastos, como a maioria dos brincantes, dançarinos e músicos são jovens de 18 a 30 anos, as quadrilhas se juntam a outras políticas que buscam inverter à lógica da vulnerabilidade social presente especialmente nas comunidades mais afastadas dos grandes centros econômicos. 

“Esses momentos das quadrilhas juninas impactam em sustentabilidade econômica, empregabilidade e geração de renda dos setores envolvidos em várias linguagens: música, dança, teatro, design, áreas técnicas e com ações que visam promover a diversidade de público e incluir por meio de acessibilidade para pessoas com deficiência”, analisa.

Por se tratar de um projeto de lei, a matéria precisa passar por análise da Procuradoria da Casa, da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) e das comissões técnicas de mérito. Se aprovada, será encaminhada para a votação no Plenário.

Edição: Geimison Maia

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