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Luta pela liberdade e contra a ditadura no Brasil é lembrada em solenidade na Alece

Por Davi Holanda
15/04/2024 21:09 | Atualizado há 1 semana

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Foto: Marcos Moura

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) realizou, nesta segunda-feira (15/04), no Plenário 13 de Maio, sessão solene em homenagem à luta por memória, verdade e justiça no transcurso dos 60 anos do golpe militar de 1964. O evento atendeu a solicitação do deputado Renato Roseno (Psol), subscrita pelos deputados Missias Dias (PT) e De Assis Diniz (PT).

Renato Roseno destacou que a sociedade brasileira se constituiu a partir de signos de violência e autoritarismo. Segundo ele, a história do País nunca abraçou aqueles que lutaram por liberdade e conquista de direitos.

“Uma pergunta que não quer calar é: o que resta da ditadura? E o que tenho a dizer é que resta tudo, menos a ditadura. Restam perseguições contra moradores de periferias, ataques à liberdade da imprensa e o conluio das elites para acumular mais riqueza, saber e poder”, avaliou. 

Ainda de acordo com o parlamentar, a ditadura civil, militar e empresarial no Brasil buscou calar a juventude brasileira, que tinha o desejo de tornar nosso País mais justo e democrático. Entretanto Roseno disse que esses cidadãos foram perseguidos, silenciados, torturados e mortos por agentes do Estado.

“Por isso nossa luta por memória, verdade e justiça é uma luta em que o passado se move. Hoje a extrema direita quer apagar os fascismos e autoritarismos do passado. O passado se move na medida em que o presente também se move. A realidade é que houve um golpe que suprimiu as liberdades democráticas”, enfatizou. 

Renato Roseno lembrou também que a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará foi uma das que mais tiveram deputados cassados no período ditatorial. 

“Na época, alegaram que esses parlamentares propagavam ideias subversivas. Depuseram o presidente legítimo e em exercício e cassaram mandatos de parlamentares, iniciando o mais terrível processo de censura, perseguição, corrupção, tortura e assassinato de militantes contrários ao regime”, enfatizou. 

O deputado Missias Dias (PT) prestou homenagem a todos aqueles que sofreram algum tipo de violência durante o regime ditatorial no País. De acordo com ele, essas pessoas sonhavam com uma educação melhor e com a conquista de direitos fundamentais.

“Porém isso era interpretado como algo que não deveria acontecer e, por isso, muitos foram torturados, espancados e mortos. Se hoje podemos lutar todos os dias para ocupar nossos espaços, é graças à história e ao legado de cada um desses homens e mulheres”, pontuou. 

Já o deputado De Assis Diniz (PT) considerou que a instalação do regime antidemocrático no País, há 60 anos, foi pautado por relações de subordinação e uma estrutura hierárquica muito bem constituída, que manteve as forças militares de Estado no poder. Ele também agradeceu aos “lutadores que colocaram sua vida a favor da defesa social, da memória, da verdade e da justiça”.

Ex-deputada e ex-prefeita de Fortaleza, Maria Luiza Fontenele ressalta luta dos anistiados - Foto: Marcos Moura

Ao todo, 16 pessoas foram homenageadas com certificados durante a solenidade. Maria Luiza Fontenelle, representante da União das Mulheres Cearenses (UMC) e falando pelos demais homenageados, disse que quem participou da luta pela anistia sabe o que significa lutar pela liberdade. 

Ela lembrou ainda de Therezinha Zerbini, uma das líderes do Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), que foi um dos primeiros grupos a se articular pública e oficialmente contra a ditadura. “O movimento da anistia foi construído por mulheres fortes. Essa luta trouxe para nós a perspectiva de um mundo que não se resume ao homem”, assinalou. 

Também compuseram a mesa da solenidade Socorro França, secretária de Direitos Humanos do Estado do Ceará; o promotor de Justiça Leydomar Nunes Pereira, coordenador auxiliar do Caocidadania e representante do procurador geral de Justiça, Halley Carvalho Filho; o defensor público Leandro Sousa Bessa, subdefensor público geral do Ceará e representante da defensora geral, Sâmia Farias, e Marcelo Uchoa, presidente da Comissão de Direito à Memória, Verdade e Justiça da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Edição: Clara Guimarães

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